A mais recente das tricolores eslavas é aquela que mais evidentemente se vincula ao pan-eslavismo.
De todos os povos eslavos sob a monarquia dos Habsburgos os eslovacos tinham a situação política mais precária, pois não habitavam uma terra da Coroa (Kronland) que lhes servisse de referência simbólica, já que eram súditos imediatos do rei húngaro. Na verdade, a Eslováquia (Slovensko) era um conceito linguístico, que na geografia da Hungria se localizava nas terras altas (Felvidék) do reino.
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Bandeira da Eslováquia. |
Não obstante, como tantos outros povos, os eslovacos também se levantaram em 1848, ainda que o seu movimento tenha tido características singulares. Uma é que não mirava o centralismo de Viena, mas sim o governo revolucionário de Budapeste, que não se dispunha a admitir uma Hungria poliétnica. A outra é que, à falta de instituições próprias, precisavam ou recorrer ao estado húngaro ou romper com ele.
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"Assembleia do povo eslovaco na primavera de 1848" (1848), de Peter Michal Bohuň (conservada na Galeria Nacional Eslovaca). |
A primeira tentativa dos nacionalistas eslovacos deu-se em maio de 1848, quando endereçaram à dieta do reino uma petição para reconhecer a nação eslovaca e, como tal, incluí-la no programa revolucionário, inclusive com bandeira própria: segundo o ponto oitavo, uma bicolor horizontal vermelha e branca. Contudo, o governo reagiu perseguindo o movimento, o que levou à segunda tentativa: rebelião.
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Réplica da bandeira do Conselho Nacional da Eslováquia durante a revolta de 1848-49 (conservada no Museu Nacional Eslovaco). |
A Revolta Eslovaca estourou em setembro de 1848 e estendeu-se até a vitória da contrarrevolução, no fim do ano seguinte, mas tampouco obteve grandes sucessos. O seu maior legado é, precisamente, os símbolos nacionais, pois consta que as milícias eslovacas usaram de bandeiras, fitas e topes com diversos arranjos das cores pan-eslavas. Com efeito, em junho de 1848 os líderes do movimento tinham participado do Congresso Eslavo de Praga, que propusera para todos os eslavos uma tricolor de faixas horizontais, azul, branca e vermelha.
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Propaganda do Partido de Hlinka, 1939 (conservado no Museu Nacional Eslovaco). |
Mesmo após a dissolução da monarquia austro-húngara, os eslovacos não dispunham dos meios para deter uma investida da Hungria, assim como os tchecos em relação à Alemanha, daí que se tenham unido para constituir a República Tchecoslovaca em 1918. No entanto, o fascismo ascendeu por toda a parte, inclusive na Eslováquia, onde o Partido Popular de Hlinka a separou sob um regime colaboracionista um dia antes da invasão da Boêmia e Morávia pelas forças alemãs, em março de 1939. Seja como for, pela primeira vez os eslovacos tiveram um estado e símbolos oficiais: em junho do mesmo ano, o parlamento passou a respectiva lei, adotando uma bandeira de faixas horizontais, branca, azul e vermelha. A República Eslovaca foi extinta pelo Exército Vermelho, que libertou e restaurou a Tchecoslováquia em 1945.
Somente em 1990, pouco depois da queda do socialismo, instaurado por um golpe de estado em 1948, a Eslováquia restabeleceu oficialmente os seus símbolos: em março por lei constitucional o Conselho Nacional recobrou o brasão e a bandeira de 1939. No entanto, às vésperas da dissolução da Tchecoslováquia apareceu a semelhança com a tricolor russa, também branca, azul e vermelha, a qual fora igualmente restabelecida em agosto de 1991. Essa inconveniência foi resolvida pela constituição de 1992, sobrepondo-se o brasão à bandeira. A lei vigente sobre a forma e o uso dos símbolos nacionais foi passada em fevereiro de 1993, já sob o estatuto de país independente.
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Armas da Eslováquia (imagem disponível no portal do governo eslovaco). |
O brasão também foi adotado pelos revolucionários eslovacos em 1848, originalmente como selo do Conselho Nacional. Reflete o fato de serem a maior população eslava da Hungria, pois as figuras — uma cruz patriarcal chantada num monte de três cumes — foram trazidas pelos reis húngaros desde Luís I (1342-82). Mas se fizeram duas alterações: retirou-se a coroa e trocou-se a cor verde do monte pelo azul, coincidindo com as cores pan-eslavas, que as milícias eslovacas ostentavam.
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