Algumas comunidades apegam-se de tal modo a certos símbolos que estes ganham força para atravessar os mais diversos regimes.
Bandeira da Hungria. |
A história da bandeira húngara é muito parecida aos casos precedentes e mais transparente, pois o vermelho, a prata e o verde estão presentes nas armas reais da Hungria desde o reinado de Matias Corvino (1458-90), as quais desde Matias II (1608-18) receberam cada vez mais o ordenamento que têm hoje: partido, o primeiro faixado de vermelho e prata de oito peças; o segundo de vermelho com uma cruz patriarcal de prata, enfiada numa coroa de ouro, ambas assentes num monte de três cômoros de verde, firmado em ponta. O faixado eram as armas da Casa de Árpád, que governou os húngaros desde a fundação do reino no ano 1000 até 1301, cujos reis ostentaram suplementarmente a cruz patriarcal. No brasão, esta foi adotada por Luís I (1342-82).
Armas da Hungria (imagem disponível no portal Nemzeti Jelképek). |
Assim, quando os revolucionários húngaros aprovaram uma série de leis em abril de 1848, constituindo a Hungria como uma monarquia parlamentar, uma dessas leis consagrou as cores do reino como da nação, assumindo para ela uma bandeira de três faixas horizontais, vermelha, branca e verde. Isso aconteceu com tanto sucesso que ao progredir a revolução para uma república independente um ano depois, não se encarou tal símbolo como monárquico, e durante a sua proibição, desde a queda da república em agosto de 1849 até o Compromisso Austro-Húngaro de 1867, não perdeu nada da sua força.
Pavilhão de guerra da Hungria. |
Na verdade, a identidade nacional húngara venera de tal maneira a fundação do país pela Casa de Árpád que após a queda do regime comunista em 1990 se restauraram não só as armas nacionais, mas também a coroa de Santo Estêvão, ainda que o estado tenha continuado a ter forma de república. Com efeito, o brasão e a bandeira estão descritos e — caso insólito — também reproduzidos na Constituição de 2011 e o seu uso está regulado por lei do mesmo ano, a qual permite ao presidente da República trazer os anjos por tenentes do escudo e ao primeiro-ministro e ao presidente da Assembleia Nacional, ramos de carvalho e louro por suportes, bem como à administração pública do estado, a bandeira com o brasão.
Bandeira de guerra da Hungria. |
Enfim, desde 1991 a Hungria tem uma bandeira e um pavilhão de guerra. Este é branco com as armas nacionais a um terço do comprimento e uma bordadura dentelada de vermelho e verde (triângulos alternados dessas cores). Aquela é semelhante, mas o brasão fica no centro, com ramos de carvalho e louro por suportes, e a bordadura é feita de chamas (triângulos ondulados), exceto os ângulos, preenchidos por quartos de círculos verdes.
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