31/08/21

O TIMBRE

O timbre é uma figura que se põe acima do escudo.

O elmo: convenções da armaria portuguesa. Monarca; nobre de linhagem há quatro gerações ou mais; nobilitado ou nobre de linhagem há três gerações ou menos; bastardo.
O elmo: convenções da armaria portuguesa.

A coroa e o coronel: convenções das armarias ibéricas. Rei; príncipe; infante; duque; marquês; conde; visconde; barão.
A coroa e o coronel: convenções das armarias ibéricas.

O galero: convenções da Igreja Católica. Cardeal; patriarca (rito latino); arcebispo; bispo ou abade nullius; arquiabade; abade mitrado; abade premonstratense; protonotário apostólico; prelado de honra de Sua Santidade; capelão de Sua Santidade; vigário-geral ou superior maior; cônego; deão, vigário forâneo ou superior menor; capelão militar; presbítero.
O galero: convenções da Igreja Católica.

A coroa mural: convenções da legislação portuguesa. Cidade de Lisboa; cidade; vila; povoação simples.
A coroa mural: convenções da legislação portuguesa.

Em francês, o timbre difere do cimier; em português, embora tenhamos a palavra cimeira, não costumamos usá-la. O timbre propriamente dito marca a dignidade do armígero. Como o escudo reflete alegoricamente o corpo do cavaleiro, esse timbre consiste habitualmente em algo que cobre a cabeça. Assim, o elmo distingue a nobreza e a realeza; o coronel, os títulos; a coroa, o monarca e sua casa; o galero, o clero; a coroa mural, as povoações; etc. Cada um apresenta uma série de minúcias que não cabe nesta síntese.

O timbre: exemplo das armas de Duarte Coelho segundo a carta de brasão de 1545.
O timbre: exemplo das armas de Duarte Coelho segundo a carta de brasão de 1545.

Como cimeira, o timbre é um emblema adicional, geralmente uma figura tirada das próprias armas, mas não necessariamente. Na heráldica gentilícia portuguesa e brasileira, ambos os tipos de timbre tornaram-se muito regulares. O arranjo clássico dita que primeiro se põe o elmo, do qual pende o paquife, um pano esvoaçante que, por ser retalhado, acabou tomando a feição de folhagens e é iluminado do metal e da cor que predominam nas armas. Se o brasão pertence ao monarca ou a um membro de sua família, o paquife é afixado pela coroa correspondente, que cinge o elmo; se a um nobre titulado, pelo coronel correspondente; se a um fidalgo, pelo virol, que é outro pano, este enroscado como uma rodilha, do mesmo metal e da mesma cor que o paquife. Da coroa, coronel ou virol sai ou aí se assenta o timbre ('cimeira').

29/08/21

O ORDENAMENTO

O ordenamento é a sintaxe do brasão.

Do mesmo jeito que na linguagem verbal pomos normalmente o sujeito e em seguida o predicado, observando as regras de concordância e regência, na heráldica obedece-se a certas regras, mesmo em se tratando de armas muito singelas. Com efeito, um brasão pode consistir apenas do escudo liso, mas nem tudo que se coloca num escudo constitui um brasão. Portanto, é o ordenamento que define o caráter heráldico de um emblema.

Alguns atributos de linhas: ameado; arqueado; bastilhado; canelado; colubreado; dentelado; emalhetado; encravado; espiguilhado; nublado; ondado.
Alguns atributos de linhas.

A primeira regra é que o sistema heráldico todo funciona com base no contraste posição × disposição, o que, de resto, também rege o sistema linguístico (em linguística diz-se não marcado × marcado). Por exemplo, as peças honrosas têm linhas retas, ficam no centro do campo e as suas extremidades firmam-se nos bordos. Esta é a forma não marcada. Não obstante, as linhas podem ser ameadas, denteladas, ondadas etc. e a peça pode ficar alçada ou abaixada em relação ao centro do campo ou solta dos bordos. Estas são formas marcadas.

Posição × disposição: alguns exemplos da armaria portuguesa. Silveira; Távora; Caldeira (de André Caldeira); Moniz; Azinhal; Matos; Grã; Martins (de João Martins); Cogominho; Horta; Malafaia; Varejão.
Posição × disposição: alguns exemplos da armaria portuguesa.

O mesmo vale para as figuras mais frequentes: o leão é ordinariamente rampante; a águia, estendida; a árvore, arrancada; o castelo tem três torreões etc. A posição ou forma não marcada não se brasona; a disposição ou forma marcada, sim. Algumas dessas posições são efetivamente individuais e é preciso aprendê-las uma a uma, mas outras são típicas de certa categoria. Assim, tudo que tem uma dianteira e uma traseira fica voltado ordinariamente para a destra e tudo que é pontiagudo ou alongado, para cima.

Figuras em número: alguns exemplos da armaria portuguesa: Argolo; Vila Lobos; Campos; Falcão; Cordeiro; Varejola; Abreu; Fuseiro; Góis; Dantas; Cunha; Farinha.
Figuras em número: alguns exemplos da armaria portuguesa.

A segunda regra é que os constituintes se ordenam do fundo para a superfície e da esquerda para a direita, o que corresponde à linearidade do sistema linguístico e à ordem da escrita latina. Se as armas são constituídas apenas do campo com uma só figura, assenta-se tal figura no centro dele, ocupando o maior espaço sem tocar os bordos (o que não está vedado, mas segue certas convenções, que é preciso brasonar). A partir de duas figuras, cabe observar se há subalternação ou não. Se não há, basta dizer o número das figuras. Outra vez, aplica-se a oposição não marcado × marcado. Assim, duas figuras alinham-se ordinariamente lado a lado; três, duas no alto e uma no baixo; quatro, duas no alto e duas no baixo; cinco, em aspa etc. É o não marcado, dispensável no brasonamento. De outra maneira, cumpre brasonar.

A situação: alguns exemplos da armaria portuguesa. Brito; Sanches; Cáceres; Serrão; Couto; Costa; Feijó; Faria; Barradas; Correia (outros).
A situação: alguns exemplos da armaria portuguesa.

Se há subalternação, logo uma das figuras é a principal e a outra, a secundária. Via de regra, a figura principal fica no centro do campo e a secundária, em qualquer um dos demais pontos, em cima ou logo acima da principal, embaixo dela, sobreposta a ela etc. Diz-se, então, que a principal está carregada da secundária, rematada, encimada, sustida, firmada, movente, ladeada, acompanhada (à destra, à sinistra, em chefe etc.), cantonada, brocante etc., ou seja, brasona-se a principal de acordo com a situação da secundária em relação a ela.

Armas a inquirir: alguns exemplos da armaria portuguesa. Aranha antigo; Aranha moderno; Dornelas antigo; Dornelas moderno; Maia antigo; Maia moderno; Oliveira antigo; Oliveira moderno; Rego antigo; Rego moderno.
Armas a inquirir: alguns exemplos da armaria portuguesa.

A terceira regra é que não se põe metal sobre metal nem cor sobre cor. O ordenamento é feito do fundo para superfície porque um brasão é constituído como se as peças e figuras fossem recortes que se aplicam sobre o escudo e, eventualmente, uns sobre os outros. Neste sentido, a sobreposição de cor a metal ou de metal a cor assegura o máximo contraste e converteu-se na famigerada regra de iluminura. Assim, um campo de metal deve ser carregado de peça ou figura de cor; à sua vez, se tal for carregada de outra, esta deve, então, ser de cor.

Há algumas exceções e fintas. Primeiro, não vale para pormenores de certas figuras, como os frutos das árvores, as unhas dos animais ou as portas e frestas dos edifícios. Tampouco vale para uma peça ou figura brocante, já que se sobrepõe tanto àquela que está debaixo como ao campo. Uma finta é possível para as peças honrosas, brasonando-as cosidas, isto é, como se o escudo tivesse sido recortado e a peça tivesse sido costurada a ele ou aos pedaços. Outra finta é interpor um filete ou perfil entre o campo e a peça ou figura, de metal se um e a outra são de cor ou o contrário. Além disso, a regra não abrange as peles, que se combinam indistintamente consigo mesmas e com os metais e as cores, e a iluminura de uma figura ao natural.

Enfim, a iluminura correta é tão imperiosa que se qualificam de armas a inquirir ('a inquirir o porquê') aquelas que incontornavelmente a descumprem, e se não há justificação, desqualificam-se como "armas falsas".

27/08/21

O ESMALTE

O esmalte não é um pigmento concreto, mas um conceito cromático.

Os esmaltes: ouro; prata; vermelho; azul; negro; verde; púrpura; arminho; veiros.
Os esmaltes.

Os esmaltes classificam-se em metais e cores. Os metais são o ouro e a prata e costumam ser realizados respectivamente pela cor amarela e pela branca ou cinzenta. As cores ('conceitos') são o vermelho, o azul, o negro, o verde e a púrpura e costumam ser realizados pelas cores ('pigmentos') correspondentes aos seus nomes, exceto a púrpura, cuja realização pode variar do lilás ao roxo. Há, ainda, as peles, que são o arminho e os veiros e apresentam variações, mas todas bastante convencionais.

A pigmentação exata, mais clara ou escura, mais brilhante ou fosca, para realizar cada esmalte é uma escolha artística; no entanto, o artista deve manter a coerência: se escolheu o azul-cobalto, não pode aplicar esse matiz aqui e azul-celeste ali, ao menos não no mesmo brasão.

Os nomes dos esmaltes nas principais línguas europeias ocidentais.
Os nomes dos esmaltes nas principais línguas europeias ocidentais.

Quanto à denominação dos esmaltes, há dois fatos históricos. Um é que em francês, a língua em que se forjou a heráldica, denominam-se orargentgueulesazursablesinoplepourpre. O outro é que, fora da França, esses nomes foram adotados somente na Grã-Bretanha, os das cores também nos Países Baixos e na Espanha, ou seja, em inglês, holandês, espanhol e catalão. Portanto, ao se brasonar em português, não se deve arremedar essa nomenclatura. Na verdade, blau e jalne são verdadeiras monstruosidades.

Enfim, embora algumas tradições admitam outros esmaltes, como o alaranjado ou o dito azul-celeste, a heráldica portuguesa cinge-se aos sete clássicos. Há uma exceção: iluminar a figura nas suas cores naturais, daí que se brasone, precisamente, de sua cor ou ao natural e, no caso da pele das pessoas brancas, de carnação.

25/08/21

A FIGURA

A figura é um desenho do que há no céu, na terra, nas águas ou da obra humana.

O número das figuras é infinito. Abrange:

Corpos celestes frequentes: exemplos da armaria portuguesa. Coutinho; Fragoso; Pinto.
Corpos celestes frequentes: exemplos da armaria portuguesa. (1)

Corpos celestes, como o crescente, a estrela, o sol etc.

Acidentes naturais frequentes: exemplos da armaria portuguesa. Fraga; Nobre; Pina; Rio (Castro do Rio); Vila Nova de Milfontes.
Acidentes naturais frequentes: exemplos da armaria portuguesa. (2)

Acidentes naturais, como a fonte, o mar, o monte, o rio, o rochedo e o penhasco etc.

Plantas frequentes: exemplos da armaria portuguesa. Freguesia de Alcaravela; vila de Armamar; Cardoso; Carvalhal; Faia; Fogaça de Antônio Fogaça; vila de Fornos de Algodres; Lopes de João Lopes; vila da Lourinhã; Oliveira; Pinheiro; vila de Trevões; Trigueiros; Vidal.
Plantas frequentes: exemplos da armaria portuguesa. (3)

Plantas, como o cardo, o carvalho, a faia, o lírio, o loureiro, o milho, a oliveira, a palmeira, o pinheiro, a rosa, o trevo, o trigo, a videira e a uva etc.

Animais frequentes: exemplos da armaria portuguesa. Aguiar; Cabral; vila de Canas de Senhorim; Carneiro; Cerveira; Cirne; Coelho; Corbacho; Dogaldo; Drago; Garcês de João Garcês; Gato; Gavião; Gusmão; Leal; Leme de Martim Leme; Lobo; Lorena; cidade de Odivelas; freguesia de Remelhe; Revaldo; Rodovalho; freguesia de Sá; freguesia de São Martinho das Chãs; Sardinha; Seixas; Sequeira; Silva; Tourinho; Vila Verde de Ficalho.
Animais frequentes: exemplos da armaria portuguesa. (4)

Animais, como a abelha, o adem, a águia, o bode e a cabra, o cão, o carneiro e a ovelha, o cavalo, a cegonha, o cervo, o cisne, o coelho, o corvo, o falcão e o gavião, o ganso, a garça, o gato, o golfinho, o leão, o lobo, a pomba, a serpente, o touro (ou boi) e a vaca, o urso, a vieira e os diversos peixes, também fantásticos, como o dragão, o grifo e a serpe, e os curiosos alerião e merleta.

Figuras humanas frequentes: exemplos da armaria portuguesa. Vila de Mértola; Vila de São Vicente; Vila Viçosa.
Figuras humanas frequentes: exemplos da armaria portuguesa. (5)

Além do ser humano mesmo, seja na forma de Jesus Cristo, da Virgem Maria, dos anjos e dos santos, seja na forma de figuras alegóricas, como o cavaleiro armado.

Objetos frequentes: exemplos da armaria portuguesa. Vila de Arranhó; Bandeira; Botilher; Brandão; vila de Brito; Caldeira; vila de Cardigos; Chaves; Gomide; Lanções; vila do Lavradio; cidade de Lisboa; Maça; Machado; freguesia de Meãs do Campo; Mesquita; Monteiro; Padilha; vila de Paredes de Coura; Peixoto Cacho; cidade de Ponta Delgada; freguesia de São Pedro de Rio Seco; freguesia de São Romão de Arões; freguesia de São Tomé de Vade; freguesia de Vale de Salgueiro; Vale; vila de Verride; Vila Franca do Campo; Vila Nova de São Bento; Vila Praia de Âncora.
Objetos frequentes: exemplos da armaria portuguesa. (6)

Objetos, como a âncora, o arado, o arco e a flecha, o báculo e o cajado, a balança, a bandeira, o barco, a buzina e a corneta, a caldeira, a candeia, a chave, o cinto e a fivela, a corrente, a engrenagem, a espada, o esquadro e o compasso, a ferradura, a foice, a grelha, o jarro, a lâmpada, a lança, o livro, o machado, o martelo, a , a , a picareta, o punhal, a roda, a taça e o cálice etc.

Edificações frequentes: exemplos da armaria portuguesa. Antunes; Diogo Cão; vila de Estombar; Mendes (de Tânger); Moura; Ponte; freguesia de Ribeirinha; Salgado; Torres; Vilarinho (Santo Tirso).
Edificações frequentes: exemplos da armaria portuguesa. (7)

Edificações, como a capela e a igrejao castelo, a cidade e a vila, a coluna e o padrão, o farol, a muralha, o poço, a ponte, o pórtico, a torre etc.

Figuras heráldicas frequentes: exemplos da armaria portuguesa. Albuquerque (antigo); Cavalcanti; Região da Madeira; Pereira; Teixeira.
Figuras heráldicas frequentes: exemplos da armaria portuguesa. (8)

Por fim, figuras criadas pela própria arte heráldica, como a flor de lis, o trifólio (e o quadrifólio, o quinquifólio) e as muitas e variadas cruzes etc.

Observe-se que as figuras mais frequentes representam plantas e animais da flora e fauna europeias e crenças, objetos e construções da civilização ocidental, inclusive com certo predomínio do Medievo, mas, como o conjunto das figuras é, precisamente, infinito, a heráldica está, sim, aberta a outros continentes e culturas, como o provam as armarias dos reinos da Comunidade britânica. A propósito, há alguns dias a Canadian Heraldic Authority/Autorité héraldique du Canada vinha publicando postagens muito interessantes pelo seu perfil no Facebook sobre armas concedidas a indígenas canadenses.

Notas:
(1) Coutinho: De ouro com cinco estrelas de vermelho; Fragoso: De azul com três sóis de ouro; Pinto: De prata com cinco crescentes de vermelho.
(2) Fraga: De prata com um monte incendiado ao natural; Nobre: De vermelho com uma torre de prata, lavrada de negro, firmada num mar de prata e azul e acompanhada à sinistra de uma cabeça de mouro de sua cor, fotada de prata e azul, boiando no mar; Pina: De vermelho com uma torre de prata, lavrada de negro, aberta e iluminada de azul e assente num penhasco de sua cor; Rio (Castro do Rio): De prata com dois rios ao natural entre nove arruelas de púrpura; Vila Nova de Milfontes: De prata, semeado de fontes de azul e prata com uma cruz da Ordem de Santiago e um pé ondado de ouro, perfilado de verde, brocantes.
(3) Freguesia de Alcaravela: De azul com dois lírios, um de prata, sustido de ouro, e o outro de ouro, sustido de prata; vila de Armamar: De prata com cinco cachos de uvas do mesmo, sustidos e folhados de verde; Cardoso: De vermelho com dois cardos de verde, arrancados de ouro e floridos de prata, um sobre o outro, entre dois leões batalhantes do mesmo; Carvalhal: Partido, o primeiro de vermelho com um carvalho de verde; o segundo de vermelho com uma torre de prata, lavrada de negro; tudo firmado num pé ondado de prata e azul, brocante sobre a partição; Faia: De prata com uma faia de sua cor, acompanhada de um lobo de sua cor, armado e lampassado de vermelho, à sinistra; Fogaça de Antônio Fogaça: De ouro com três rosas de vermelho, apontadas de verde e abotoadas de ouro; vila de Fornos de Algodres: De prata com um cacho de uvas de púrpura, sustido e folhado de verde, entre quatro espigas de milho de ouro, sustidas e folhadas de verde; Lopes de João Lopes: De azul com uma palmeira de ouro e um corvo estendido de sua cor, pousado nela; vila da Lourinhã: De vermelho com um loureiro de verde, frutado de ouro, plantado num terrado de negro, realçado de verde, acompanhado de uma flor de lis de ouro em cada flanco e de um crescente voltado de prata e um sol de ouro em chefe; Oliveira: De vermelho com uma oliveira de verde, frutada e perfilada de ouro, arrancada de prata; Pinheiro: De prata com cinco pinheiros de verde; vila de Trevões: De verde com uma palma de prata entre três trevos de ouro; Trigueiros: Esquartelado, o primeiro e quarto de verde com cinco espigas de trigo de ouro; o segundo e terceiro de vermelho com uma faixa de prata; Vidal: De prata com cinco folhas de vide de verde.
(4) Aguiar: De ouro com uma águia de vermelho, linguada e membrada de negro; Cabral: De prata com duas cabras passantes de púrpura, uma sobre a outra; vila de Canas de Senhorim: De vermelho com um pelourinho de prata, realçado de negro, entre dois cavalos empinados e afrontados de ouro; Carneiro: De vermelho com uma banda de azul, carregada de três flores de lis de ouro, postas no sentido da banda, perfilada de ouro, entre dois carneiros passantes de prata, armados de ouro; Cerveira: De prata com duas cervas passantes de púrpura, uma sobre a outra, e uma bordadura cosida de prata, carregada de treze escudetes das quinas de Portugal; Cirne: De azul com um cisne de prata, nadando sobre um rio ao natural e acompanhado de sete estrelas de oito raios de ouro em chefe; Coelho: De ouro com um leão de púrpura, carregado de três faixas xadrezadas de azul e ouro, armado e lampassado de vermelho, e uma bordadura de azul, carregada de cinco coelhos de prata, malhados de negro; Corbacho: De ouro com três corvos de negro; Dogaldo: De vermelho com uma árvore firmada num mar e acompanhada à sinistra de uma cegonha com uma cobra no bico, tudo de sua cor; Drago: De vermelho com duas serpes passantes de prata, armadas e lampassadas de azul, uma sobre a outra; Garcês de João Garcês: De azul com uma garça de ouro entre quatro estrelas de seis raios do mesmo; Gato: De ouro com dois gatos passantes de azul e uma bordadura de vermelho, carregada de oito crescentes de prata; Gavião: De ouro com cinco gaviões de sua cor; Gusmão: De azul com duas caldeiras xadrezadas de ouro e vermelho, das quais saem três serpentes de ouro junto aos encaixes das asas, e uma bordadura de prata, carregada de quatro mosquetas de arminho; Leal: De prata com dois lebréus passantes de negro, acompanhados de sete estrelas de oito raios de vermelho, postas em orla; Leme de Martim Leme: De ouro com cinco merletas de negro; Lobo: De prata com cinco lobos de negro, armados e lampassados de vermelho; Lorena: De ouro com uma banda de vermelho, carregada de três aleriões de prata, postos no sentido da banda; cidade de Odivelas: De prata com um urso rampante de negro, armado e lampassado de vermelho, e uma planície ondada de azul e prata de três peças e uma banda xadrezada de vermelho e prata, brocante sobre tudo; freguesia de Remelhe: De vermelho com um dragão de ouro, acompanhado de duas vieiras de prata em chefe; Revaldo: De azul com um grifo rampante de negro, armado e lampassado de vermelho, realçado de ouro; Rodovalho: De ouro com um golfinho de sua cor, sustido por um mar ao natural; freguesia de Sá (Arcos de Valdevez): De azul com dois adens afrontados de prata, animados, bicados e membrados de vermelho, acompanhados de duas chaves, uma de ouro e a outra de prata, passadas em aspa e atadas de vermelho, em chefe e uma planície ondada de prata e azul de três peças; freguesia de São Martinho das Chãs: De verde com dois gansos afrontados de prata, acompanhados de um escudete do mesmo, carregado da cruz da Ordem de Cristo, em chefe e de uma maçã de ouro em ponta; Sardinha: De verde com uma faixa ondada de prata, aguada de azul e carregada de cinco sardinhas de sua cor; Seixas: De verde com cinco seixas de prata, bicadas e membradas de vermelho, as dos cantões sinistro do chefe e destro da ponta voando; Sequeira: De azul com cinco vieiras de ouro; Silva: De prata com um leão de púrpura, armado e lampassado de vermelho; Tourinho: De verde com um touro de vermelho, armado e unhado de ouro; Vila Verde de Ficalho: De negro com uma abelha de ouro entre dois ramos frutados de oliveira de ouro, atados de vermelho.
(5) Vila de Mértola: De negro com um cavaleiro de armadura e manto de prata, empunhando uma espada levantada e segurando um escudo do mesmo, carregado da cruz da Ordem de Santiago, montando um cavalo empinado também de prata, selado e ajaezado de ouro, o todo acompanhado de dois martelos de prata no cantão destro do chefe; vila de São Vicente: De ouro com a imagem de São Vicente de sua cor, segurando uma palma de verde e uma grelha de ouro; Vila Viçosa: De ouro com a imagem da Imaculada Conceição de sua cor, aureolada de doze estrelas de azul (visíveis nove) e sustida por um mundo de azul, e uma serpente de prata, enroscada no mundo, o todo ladeado de duas torres torreadas de vermelho, abertas e iluminadas de azul, e acompanhado em chefe por uma aspa de vermelho, entre dois escudetes das quinas de Portugal.
(6) Vila de Arranhó: De vermelho com uma grelha de prata e uma pena de ouro, posta em banda e brocante sobre a grelha, o todo acompanhado de dois cachos de uvas de púrpura, sustidos e folhados de ouro, em chefe; Bandeira: De vermelho com uma bandeira de ouro, carregada de um leão de azul, armado e lampassado de vermelho, perfilada de prata e hasteada de ouro, a haste movente da ponta; Botilher: De vermelho com duas copas cobertas de ouro e um chefe emalhetado de azul e ouro de quatro peças sobre o ouro; Brandão: De azul com cinco brandões de ouro, acesos ao natural; vila de Brito: De prata com uma roda dentada e duas mós de vermelho, postas em roquete, e um pé ondado de azul e prata de três peças; Caldeira: De azul com uma banda de prata, carregada de três caldeiras de negro, postas no sentido da banda, entre duas flores de lis de ouro; vila de Cardigos: De prata com uma lâmpada de negro, acesa de vermelho, entre dois ramos de oliveira de verde, frutados de ouro e atados de vermelho, o todo acompanhado de um escudete de vermelho com a cruz de Malta; Chaves: De vermelho com cinco chaves de ouro; Gomide: De azul com cinco gomis de ouro; Lanções: De verde com cinco lanças de prata, hasteadas de ouro, postas em banda e alinhadas em barra; vila do Lavradio: De prata com um arado de negro, acompanhado em chefe de uma cruz da Ordem de Santiago entre dois cachos de uvas de púrpura, sustidos e folhados de verde, e uma planície ondada de azul e prata de três peças; cidade de Lisboa: De ouro com um barco de negro, realçado de prata, com uma vela ferrada de cinco bolsas do mesmo, vogando num mar de verde e prata de sete peças, e dois corvos afrontados de negro, pousados na proa e na popa; Maça: De vermelho com uma maça de armas de ouro, ladeada de duas correntes do mesmo; Machado: De vermelho com cinco machados de prata, encabados de ouro; freguesia de Meãs do Campo: De ouro com dois manguais de vermelho, passados em aspa, acompanhados de um monte de verde, carregado de um rio de prata e azul de três peças e firmado em ponta, e de uma roda de carro de bois de negro em chefe; Mesquita: De ouro com cinco cintas de vermelho, cada uma com a sua fivela, biqueira e três tachões de prata, postas em banda e alinhadas em barra, e uma bordadura de azul, carregada de sete flores de lis de prata; Monteiro: De prata com três cornetas de negro, guarnecidas e embocadas de ouro, atadas de vermelho; Padilha: De azul com três pás alinhadas em faixa, cada uma acompanhada de um crescente invertido em chefe e de outro montante em ponta, a primeira e a segunda acompanhadas 
à destra de um crescente voltado e a terceira acompanhada à sinistra de um crescente deitado, tudo de prata; vila de Paredes de Coura: De negro com duas foices de prata, passadas em aspa e acompanhadas de um rio de prata e azul de três peças em ponta e de três espigas de milho de ouro, sustidas e folhadas de verde, enfeixadas e atadas de vermelho, em chefe; Peixoto Cacho: De verde com um braço armado de prata, movente do flanco sinistro, com a mão nua de carnação, empunhando um punhal abatido de prata, guarnecido de ouro; cidade de Ponta Delgada: De vermelho com sete flechas enfeixadas de ouro, atadas de prata e acompanhadas de um açor de sua cor, agarrando um escudete das quinas de Portugal, em chefe; freguesia de São Pedro de Rio Seco: De púrpura com um livro aberto de prata, acompanhado de duas chaves, uma de ouro e a outra de prata, passadas em aspa, em chefe e uma planície ondada de prata e azul de cinco peças; freguesia de São Romão de Arões: De verde com uma roda dentada de ouro e duas pipas de prata, viroladas de negro, postas em roquete; freguesia de São Tomé de Vade: De ouro com dois ramos de oliveira de verde, frutados de negro, acompanhados de um esquadro de negro em chefe, e um contrachefe de ouro, fretado de vermelho; freguesia de Vale de Salgueiro: De verde com uma ferradura de prata entre dois ramos de oliveira do mesmo, frutados de negro e com os pés passados em aspa, e um pé ondado de prata e azul de quatro peças; Vale: De vermelho com três espadas abatidas de prata, empunhadas de ouro e alinhadas em faixa; vila de Verride: De ouro com uma picareta e um maço de vermelho, encabados de negro e passados em aspa, acompanhados de um barco do mesmo, realçado de prata, vogando num pé ondado de azul e prata de três peças, e de uma lira de azul em chefe; Vila Franca do Campo: De azul com um braço de carnação, alado de ouro, movente do flanco destro, segurando uma espada de prata, empunhada de ouro, e uma balança do mesmo, o todo acompanhado da legenda QUIS SICUT DEUS? também de ouro, posta em orla; Vila Nova de São Bento: De púrpura com dois báculos de ouro, com os sudários de prata, acompanhados de um molho de espigas de trigo de ouro em ponta e de uma mitra do mesmo em chefe; Vila Praia de Âncora: De verde com uma barra ondada de prata e azul de três peças e uma âncora de ouro e um pé ondado de prata e verde, ambos brocantes sobre a barra.
(7) Antunes: De vermelho com uma cidade de prata, lavrada, aberta e iluminada de negro; Diogo Cão: De verde com dois padrões de prata, cada um assente sobre um monte ao natural e rematado de uma cruzeta de azul; vila de Estombar: De azul com um poço de prata, lavrado de negro, entre dois ramos de oliveira de ouro, frutados de negro e com os pés passados em aspa, o todo acompanhado de uma cabeça de rei cristão de sua cor, coroada de ouro, e uma cabeça de mouro de sua cor, fotada de prata, em chefe; Mendes (de Tânger): Cortado, o primeiro de azul com um pano de muralha flanqueado de duas torres, tudo de prata, lavrado, aberto e iluminado de negro; o segundo partido, o primeiro de vermelho com uma cabeça de mouro arrancada de sua cor, fotada de prata e azul; o segundo de vermelho com três lanças de prata, hasteadas de ouro e alinhadas em faixa; Moura: De vermelho com sete castelos de ouro em três palas, três no meio; Ponte: De vermelho com uma ponte de cinco arcos de prata, firmada nos flancos e num rio ao natural, rematada de uma cabeça de serpe de ouro; freguesia de Ribeirinha (Horta): De ouro com uma torre de azul, aberta e iluminada de prata, rematada de um farol de vermelho, entre duas estrelas de azul e um pé ondado de verde, prata, azul e prata; Salgado: De verde com um pano de muralha flanqueado de duas torres, tudo de prata, aberto e iluminado de negro, e um saleiro de ouro, sustido pela muralha, e uma águia de sua cor, pousada sobre uma corrente de ouro, lançada de uma torre à outra, acima do saleiro; Torres: De vermelho com cinco torres de ouro; Vilarinho (Santo Tirso): De azul com uma capela de ouro, lavrada e aberta de negro, acompanhada em cada flanco de uma espiga de milho de ouro, sustida e folhada de prata, e em chefe de uma lançadeira de ouro com o fio de vermelho, posta em faixa, e um pé ondado de prata e azul.
(8) Albuquerque (antigo): De vermelho com cinco flores de lis de ouro; Cavalcanti: De prata; mantelado de vermelho, semeado de quadrifólios de prata, e uma asna de azul, brocante sobre a partição; região da Madeira: De azul com uma pala de ouro, carregada de uma cruz da Ordem de Cristo; Pereira: De vermelho com uma cruz florenciada de prata, vazia do campo; Teixeira: De azul com uma cruz potenteia de ouro, vazia do campo.

23/08/21

A PEÇA

A peça é uma figura geométrica.

O número das peças é finito e elas são classificadas em três ordens.

As peças honrosas ou de primeira ordem: chefe; pala; faixa; banda; barra; cruz; aspa; asna; perle; campanha.
As peças honrosas ou de primeira ordem.

A primeira ordem é integrada pelas peças honrosas, as quais correspondem às linhas das partições, normalmente ficam firmadas nos bordos e medem um terço da largura do escudo: o chefe, a pala, a faixa, a banda, a barra, a cruz, a aspa (ou sautor), a asna (ou chaveirão) e a campanha (ou contrachefe ou pé).

As peças de segunda ordem: escudete; bordadura; orla; lambel; franco-quartel; girão; pila; pira.
As peças de segunda ordem.

A segunda é integrada pelas peças que têm outras características: o escudete, a bordadura, a orla, o lambel (ou banco de pinchar), o franco-quartel, o girão, a pila e a pira (ou ponta).

As peças de terceira ordem: arruela; besante; bilheta; fuso; lisonja.
As peças de terceira ordem.

A terceira é integrada pelas peças que ficam soltas no campo, geralmente em número: a arruela, o besante, a bilheta, o fuso e a lisonja.

As diminuições das peças: cúmulo; vergueta; divisa; faixeta; cotica; travessa; roquete; planície; debrum; orleta; franco-cantão.
As diminuições das peças.

Além disso, grande parte das peças de primeira e segunda ordens pode ser diminuída pela metade ou em um terço. Essas formas diminutas recebem nomes próprios: a do chefe é o cúmulo; da pala, a vergueta; da faixa, a divisa (metade) e a faixeta (um terço); da banda, a cotica; da barra, a travessa; da asna, o roquete (ou escora); da campanha, a planície; da bordadura, o debrum; da orla, a orleta; do franco-quartel, o franco-cantão. A diminuição máxima da pala, faixa, banda ou barra é o filete.

As peças honrosas em número: palas; faixas; bandas; barras; verguetas; burelas; coticas; travessas; gêmeas; terças.
As peças honrosas em número.

Alguns desses nomes também se aplicam a certas peças em número igual ou maior que cinco.

As peças de primeira ordem: alguns exemplos da armaria portuguesa. D. Diogo de Almeida, prior do Crato; Nóbrega; Arca; Vasconcelos; Pamplona; Nogueira; Ataíde; Lira; Martins de Diogo Martins; Azeredo; Beja; Miranda; Frazão; Luna.
As peças de primeira ordem: alguns exemplos da armaria portuguesa. (1)

As peças de segunda e terceira ordens: alguns exemplos da armaria portuguesa. Gama de Vasco da Gama; Beça; Magriço; D. João Lobo, bispo de Tânger; Girão; Canto; Castro (de Monsanto); Melo; Filgueira.
As peças de segunda e terceira ordens: alguns exemplos da armaria portuguesa. (2)

Notas:
(1) Dom Diogo de Almeida, prior do Crato: As armas dos Almeidas com um chefe hospitalário; Nóbrega: De ouro com quatro palas de vermelho; Arca: Esquartelado, o primeiro e quarto de ouro com uma faixa de vermelho; no segundo e terceiro cinco pontos de vermelho, equipolados a quatro de ouro; Vasconcelos: De negro com três faixas veiradas de prata e vermelho; Pamplona: De vermelho com seis burelas de ouro; Nogueira: De ouro com uma banda xadrezada de verde e prata de cinco tiras e uma cotica de vermelho, sobreposta à tira do meio; Ataíde: De azul com quatro bandas de prata; Lira: De ouro com cinco coticas de azul; Martins de Diogo Martins: Cortado, o primeiro de negro com duas barras de ouro; o segundo de ouro com três flores de lis de púrpura, alinhadas em pala; Azeredo: De azul com dez travessas de ouro; Beja: De vermelho com uma cruz de ouro, cantonada de quatro flores de lis do mesmo; Miranda: De ouro com uma aspa de vermelho, cantonada de quatro flores de lis de verde; Frazão: De vermelho com uma asna de prata entre três flores de lis de ouro; Luna: De vermelho com um crescente invertido de prata e uma campanha do mesmo.
(2) 
Gama de Vasco da Gama: As armas dos Gamas, acrescentadas de um escudete com as armas de Portugal antigo no ponto de honra; Beça: Faixado de ouro e vermelho de seis peças com uma bordadura do mesmo, carregada de dez crescentes de prata; Magriço: De vermelho com três lambéis de dois pendentes, alinhados em pala; Dom João Lobo, bispo de Tânger: As armas dos Lobos, acrescentadas de um franco-cantão de vermelho, carregado de um castelo de ouro; Girão: Cortado, o primeiro partido, o primeiro de vermelho com um castelo de ouro, lavrado de negro, aberto e iluminado de azul; o segundo de prata com um leão de púrpura, armado e lampassado de vermelho e coroado de ouro; o segundo de ouro com três girões de vermelho; Canto: De vermelho com um canto ou ponta abaixada de prata; Castro: De prata com seis arruelas de azul; Melo: De vermelho com uma dobre-cruz de ouro entre seis besantes de prata e uma bordadura de ouro; Filgueira: De azul com nove lisonjas de prata, unidas e firmadas.

21/08/21

A PARTIÇÃO

A partição é uma linha que divide o campo.

As partições: partido; cortado; fendido; talhado; esquartelado; franchado; gironado; equipolado; xadrezado; abraçado; calçado; chapado; mantelado; vestido; terciado em pala; terciado em faixa; terciado em banda; terciado em barra; terciado em asna; terciado em perle; terciado em mantel.
As partições.

Uma linha pode dividir o campo na vertical, na horizontal e na diagonal. Faz o partido, o cortado, o fendido e o talhado. O cruzamento de duas linhas nesses sentidos faz o esquartelado, o franchado e o gironado. A multiplicação do esquartelado dá o equipolado e o xadrezado (ou enxequetado ou escaqueado). Duas linhas que convergem, formando triângulos, fazem o abraçado, o calçado, o chapado, o mantelado e o vestido. Duas linhas que separam três áreas, cada uma iluminada de um esmalte diferente, fazem os terciados, que levam os nomes das peças correspondentes: em palaem faixaem banda, em barraem asnaem perle, além do terciado em mantel.

As partições: exemplos da armaria portuguesa. Gouveia; conde de Figueiró; Guimarães (outros); Sousa (de Arronches); Mendonça; Manrique; Sá; Henriques; Nóvoa.
As partições: exemplos da armaria portuguesa. (1)

Em geral, divide-se o campo para compor um só brasão juntando aí diferentes armas. Portanto, se não se trata de armas compostas, o normal é o campo inteiriço. Para ficar ainda mais claro: é de péssima heráldica dividir o campo só para acomodar figuras distintas em cada parcela dele. Há quatro exceções.

Figura brocante, de um no outro e de um para o outro.
Figura brocante, de um no outro e de um para o outro.

A primeira é a partição pura, sem peça nem figura. A segunda consiste em sobrepor a figura à partição, a qual se brasona, então, brocante sobre a partiçãoA terceira, em dividir o campo para alternar o seu esmalte e o da figura, o que, à sua vez, se pode obter de duas formas: de um no outro e de um para o outro (ou entrecambado).

Figura brocante sobre a partição, de um no outro e de um para o outro: alguns exemplos da armaria portuguesa. Dória; Alvernaz; Paim.
Figura brocante sobre a partição, de um no outro e de um para o outro: alguns exemplos da armaria portuguesa. (2)

A quarta consiste em multiplicar a divisão do campo, daí dita, precisamente, repartição, formando um padrão de dois esmaltes que começa com o primeiro e acaba com o segundo.

As repartições: palado; faixado; bandado; barrado; verguetado; burelado; coticado; coticado em barra; asnado.
As repartições.

Os nomes das repartições são derivados das peças honrosas: de quatro a oito peças têm-se o palado, o faixado, o bandado e o barrado; de dez peças ou mais, o verguetado, o burelado, o coticado e o coticado em barra; independentemente do número de peças, o asnado.

As repartições: alguns exemplos da armaria portuguesa. Negro e Negreiros; Alma; Vinhal.
As repartições: alguns exemplos da armaria portuguesa. (3)

Notas:
(1) Gouveia: Partido, o primeiro de vermelho com uma dobre-cruz de ouro entre seis besantes de prata e uma bordadura do segundo (Melo); o segundo de prata com seis arruelas de azul (Castro); conde de Figueiró: Cortado, o primeiro de negro com três faixas veiradas de prata e vermelho (Vasconcelos); o segundo de ouro com quatro palas de vermelho (Ribeiro); Guimarães (outros): Fendido de prata e púrpura com uma pala de vermelho, carregada de um leão de prata, armado e lampassado de vermelho, brocante sobre tudo; Sousa (de Arronches): Esquartelado, no primeiro e quarto as armas do Reino, diferençadas por um filete de negro em barra; o segundo e terceiro de vermelho com uma caderna de crescentes de prata; Mendonça: Franchado, o primeiro e quarto de verde com uma banda de vermelho, perfilada de ouro; o segundo e terceiro de ouro com um S de negro, o da destra voltado; Manrique: Cinco pontos de ouro, cada um carregado de um leão de vermelho, equipolados a quatro pontos de vermelho, cada um carregado de um castelo de ouro; Sá: Xadrezado de prata e azul de cinco peças em faixa e seis em pala; Henriques: De vermelho com um castelo de ouro, lavrado de negro, aberto e iluminado de azul (Castela); mantelado de prata com dois leões batalhantes de púrpura, armados e lampassados de vermelho (Leão); Nóvoa: Terciado em mantel, o primeiro de vermelho com uma águia de ouro; o segundo de prata com um leão de vermelho; o terceiro de ouro com um castelo de vermelho.
(2) Dória: Cortado de ouro e prata com uma águia coroada de negro, bicada e membrada de vermelho, brocante sobre a partição; Alvernaz: Esquartelado de azul e prata com quatro carapeteiros de um no outro; Paim: Franchado de prata e negro com um leão de um para o outro, armado e lampassado de vermelho.
(3) Negreiros: Esquartelado, o primeiro e quarto palados de prata e azul de seis peças; o segundo e terceiro xadrezados de prata e azul de seis peças em faixa e seis em pala; Alma: Faixado de ouro e azul de seis peças; Vinhal: Asnado de xadrezado de prata e negro e de ouro de seis peças.