As primeiras nomeações da Ordem do Cruzeiro distinguiram os protagonistas da Independência do Brasil.
O estatuto da Imperial Ordem do Cruzeiro, no artigo 3.º, limitava o número de grã-cruzes a oito efetivos e quatro honorários; o de dignitários, a trinta efetivos e quinze honorários; o de oficiais, a duzentos efetivos e 120 honorários, e não limitava o número de cavaleiros. As primeiras nomeações saíram no suplemento ao n.º 145 da Gazeta do Rio: dois grã-cruzes, doze dignitários, 34 oficiais e 85 cavaleiros. Transcrevo abaixo as listas desses galardoados, acrescentando o ofício ou cargo de cada um à data e nos meses seguintes, sempre que me foi possível achar tais informações, e o título nobiliário (no maior grau) daqueles que receberam um depois. O objetivo é analisar o sentido da Ordem do Cruzeiro no ato da sua criação.
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Antônio Carlos Ribeiro de Andrada Machado e Silva, grã-cruz da Imperial Ordem do Cruzeiro (litografia de Sébastien-Auguste Sisson, 1861; imagem disponível na Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin). |
GRÃ-CRUZES
Antônio Carlos Ribeiro de Andrada Machado e Silva, deputado eleito por São Paulo à Assembleia Constituinte (1) e ex-deputado da mesma província às Cortes de Lisboa;
Joaquim Xavier Curado, governador das armas da Corte, procurador-geral de Santa Catarina (2) e depois conde de São João das Duas Barras.
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Capitão-Mor José Joaquim da Rocha, dignitário da Imperial Ordem do Cruzeiro (litografia de Sébastien-Auguste Sisson, 1861; imagem disponível na Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin). |
DIGNITÁRIOS
Cipriano José Barata de Almeida, ex-deputado da Bahia às Cortes de Lisboa e logo deputado eleito pela mesma província à Assembleia Constituinte; (3)
José Fernando Carneiro Leão, guarda-roupa do imperador, coronel comandante do 1.º Regimento de Cavalaria de Milícias da Corte e depois conde de Vila Nova de São José;
Francisco Elesbão Pires de Carvalho e Albuquerque, presidente do Conselho Interino de Governo da Bahia e depois barão de Jaguaripe;
Francisco Gomes Brandão Montezuma, secretário do Conselho Interino de Governo da Bahia, logo deputado dessa província à Assembleia Constituinte e depois visconde de Jequitinhonha;
Monsenhor Francisco Moniz Tavares, deputado eleito por Pernambuco à Assembleia Constituinte e ex-deputado da mesma província às Cortes de Lisboa;
João de Deus Mena Barreto, presidente da Junta de Governo Provisório do Rio Grande do Sul e depois visconde de São Gabriel;
José Egídio Gordilho Veloso de Barbuda, camarista do imperador, seu emissário no Exército Pacificador da Bahia e depois visconde de Camamu;
José Joaquim da Rocha, capitão-mor da cidade de Mariana e deputado suplente eleito por Minas Gerais às Cortes de Lisboa;
José Lino dos Santos Coutinho, ex-deputado da Bahia às Cortes de Lisboa;
Manuel Antônio Farinha, chefe de esquadra da Armada e depois conde de Sousel;
Nicolau Pereira de Campos Vergueiro, deputado eleito por São Paulo à Assembleia Constituinte e ex-deputado da mesma província às Cortes de Lisboa;
Tomás García de Zúñiga, síndico-procurador da Cisplatina e depois barão de Calera.
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Visconde de São Leopoldo, oficial da Imperial Ordem do Cruzeiro (litografia de Sébastien-Auguste Sisson, 1861; imagem disponível na Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin). |
OFICIAIS
Afonso de Albuquerque Maranhão, deputado eleito pelo Rio Grande do Norte às Cortes de Lisboa;
Antônio Leite Pereira da Gama Lobo, comandante da Guarda de Honra;
Carlos Frederico Lecor, barão da Laguna e depois visconde, comandante do Exército do Sul na Cisplatina;
Padre Belquior Pinheiro de Oliveira, deputado eleito por Minas Gerais às Cortes de Lisboa e em seguida pela mesma província à Assembleia Constituinte;
Bento Barroso Pereira, coronel comandante do Batalhão de Granadeiros da Corte;
Dom Mateus de Abreu Pereira, bispo de São Paulo e presidente da junta trina interina da província;
Caetano Pinto de Miranda Montenegro, ministro da Justiça e depois marquês de Vila Real da Praia Grande;
Cândido Xavier de Almeida e Sousa, governador das armas de São Paulo, membro da junta trina interina da mesma província e em seguida presidente da Junta de Governo Provisório dela;
Egas Moniz Telo de Sampaio, tenente de cavalaria;
Felisberto Caldeira Brant Pontes, encarregado de negócios em Londres, logo deputado da Bahia à Assembleia Constituinte e depois marquês de Barbacena;
Fernando Teles da Silva, governador das armas do Espírito Santo;
Filipe Néri Ferreira, deputado da Junta de Governo Provisório de Pernambuco;
Francisco da Costa de Sousa de Macedo, mordomo-mor da imperatriz, tenente-coronel comandante do Batalhão de Caçadores da Corte e depois marquês da Cunha;
Francisco Maria Gordilho Veloso de Barbuda, brigadeiro ajudante-general do governo das armas da Corte e depois barão de Pati do Alferes, visconde de Lorena e marquês de Jacarepaguá;
Francisco Antônio da Silva Pacheco, chefe de esquadra da Armada;
Francisco de França e Miranda, desembargador da Relação da Bahia com exercício na Casa da Suplicação e ajudante do intendente-geral de Polícia da Corte;
Hipólito José da Costa Pereira, editor do Correio Brasiliense;
Isidoro de Almada e Castro, coronel comandante da Brigada de Artilharia Montada da Corte;
João Maria da Gama Freitas Berquó, camarista do imperador e capitão comandante da Guarda de Archeiros;
Juan José Durán, governador intendente da Cisplatina;
Joaquim José de Almeida, tenente-coronel comandante do Batalhão de Caçadores da Corte;
Joaquim Inácio de Siqueira Bulcão, capitão-mor da vila de São Francisco, na província da Bahia, e depois barão de São Francisco;
Joaquim Pires de Carvalho e Albuquerque, coronel ajudante-general do Exército Pacificador da Bahia e depois visconde de Pirajá;
José Antônio da Silva Castro, comandante do Batalhão dos Voluntários do Príncipe (alcunhados de Periquitos e ele mesmo, de Periquitão), na província da Bahia;
José Garcia Pacheco de Moura Pimentel e Aragão, comandante do Regimento de Cavalaria de Milícias da vila da Cachoeira, na província da Bahia;
José Feliciano Fernandes Pinheiro, deputado eleito pelo Rio Grande do Sul à Assembleia Constituinte, ex-deputado de São Paulo às Cortes de Lisboa e depois visconde de São Leopoldo;
José Joaquim de Lima, coronel comandante do 2.º Batalhão de Fuzileiros da Corte, em seguida comandante do Batalhão do Imperador, logo comandante do Exército Pacificador da Bahia e depois visconde de Magé;
José Arouche de Toledo Rendon, deputado eleito por São Paulo à Assembleia Constituinte;
José Mariano de Azeredo Coutinho, veador da imperatriz e procurador-geral do Rio de Janeiro;
Lucas José Obes, procurador-geral da Cisplatina;
Manuel Inácio Cavalcanti de Lacerda, deputado eleito por Pernambuco à Assembleia Constituinte e depois barão de Pirapama;
Manuel Marques de Sousa, comandante da cavalaria na Cisplatina;
Marcelo Joaquim Mendes, brigadeiro graduado do 2.º Batalhão de Fuzileiros da Corte;
Nicolás Herrera, ouvidor decano da Câmara de Apelações da Cisplatina.
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Barão de Paraopeba, cavaleiro da Imperial Ordem do Cruzeiro (retrato conservado no Museu da Imagem e Memória, Congonhas, MG; imagem disponível na Wikimedia Commons). |
CAVALEIROS
Antero José Ferreira de Brito, coronel agregado de 2.ª linha, em seguida quartel-mestre-general do Exército Pacificador da Bahia e depois barão de Tramandaí;
Antônio Barroso Pereira, capitão do 5.º Regimento de Cavalaria de Milícias da Corte e depois barão de Entre Rios;
Antônio de Sousa Leme;
Antônio Constantino de Oliveira;
Antônio de Meneses Vasconcelos de Drumond, contador da Chancelaria-Mor;
Antônio José Dias Coelho, governador das armas de Minas Gerais;
Antônio Manuel Correia da Câmara, cônsul em Buenos Aires;
Antônio Gonçalves da Cruz, cônsul em Filadélfia;
Antônio Navarro de Abreu, deputado da Junta de Governo Provisório de Mato Grosso e em seguida deputado eleito pela mesma província à Assembleia Constituinte;
Antônio de Almeida Silva Freire da Fonseca, juiz de fora da vila de Taubaté, na província de São Paulo;
Antônio Manuel da Silveira Sampaio, brigadeiro e em seguida vogal do Conselho Supremo Militar;
Antônio Francisco Carneiro Monteiro, comerciante, alferes de ordenança e homem-bom da vila do Recife, na província de Pernambuco;
Alexandre José de Melo, capitão-mor da vila das Alagoas;
Anastácio de Freitas Trancoso, coronel da Legião de Tropas Ligeiras de São Paulo e em seguida deputado da Junta de Governo Provisório da província;
Bento de Araújo Lopes Vilas Boas, coronel comandante do Regimento de Cavalaria de Milícias da vila de São Francisco, na província da Bahia, e depois barão de Maragogipe;
Bernardo José da Gama, deputado eleito por Pernambuco à Assembleia Constituinte e depois visconde de Goiana;
Dom José Caetano da Silva Coutinho, bispo do Rio de Janeiro, capelão-mor e deputado eleito pela província à Assembleia Constituinte;
Bispo de Kerman; (4)
Dom Frei José da Santíssima Trindade, bispo de Mariana;
Caetano Maria Lopes Gama, ouvidor da comarca das Alagoas, deputado eleito pela província à Assembleia Constituinte e depois visconde de Maranguape;
Francisco Pinto Ferraz, capitão do Regimento de Cavalaria de Milícias da cidade de São Paulo;
Francisco das Chagas Santos, marechal de campo do Exército e deputado eleito pelo Rio Grande do Sul à Assembleia Constituinte;
Francisco de Paula Sousa e Melo, deputado eleito por São Paulo à Assembleia Constituinte;
Francisco Afonso de Meneses de Sousa Coutinho (5), capitão de fragata da Armada e depois marquês de Maceió;
Francisco Xavier Torres, governador das armas do Ceará;
Francisco Isidoro Batista da Silva, juiz de fora da vila de São João del-Rei, na província de Minas Gerais;
Francisco Manuel de Paula, provedor-mor da Saúde e depois barão da Saúde;
Francisco Ornelas Barreto;
Francisco de Paula e Vasconcelos, tenente-coronel comandante do Forte do Pico, na vila da Praia Grande, província do Rio de Janeiro;
Félix Merme, deputado da Junta de Governo Provisório de Mato Grosso;
Gaspar Francisco Mena Barreto, comandante do Esquadrão de Dragões da vila de Porto Alegre;
Gomes Freire de Andrade, coronel do Regimento de Cavalaria de Linha de Vila Rica e depois barão de Itabira;
Jaime Jeremias Joaquim Mendes, tenente do 5.º Regimento de Cavalaria de Milícias da Corte;
Jerônimo Cavalcanti de Albuquerque, deputado da Junta de Governo Provisório de Alagoas;
João Luciano de Sousa Guerra Araújo Godinho, coronel comandante do 4.º Regimento de Cavalaria de Milícias de Vila Rica;
João Ferreira Bueno, cônego da Sé de São Paulo;
João Inácio da Cunha, intendente-geral de Polícia da Corte, chanceler da Ordem e depois visconde de Alcântara;
João José de Guimarães Silva, deputado da Junta de Governo Provisório de Mato Grosso;
João Evangelista de Faria Lobato, desembargador da Relação de Pernambuco e em seguida deputado eleito por Minas Gerais à Assembleia Constituinte;
João Carvalho Raposo, criado particular de Dom Pedro I;
Joaquim José de Morais e Abreu, tenente-coronel do 1.º Regimento de Cavalaria de Milícias da cidade de São Paulo;
Joaquim Aranha Barreto de Camargo, governador das armas da vila de Santos, na província de São Paulo;
Joaquim Mariano Gurgel do Amaral, vigário da freguesia de São João del-Rei, na província de Minas Gerais;
Joaquim Alberto da Silveira, major de cavalaria;
José Joaquim César de Cerqueira Leme, coronel comandante do 3.º Regimento de Infantaria de Milícias da cidade de São Paulo;
José da Silva Lisboa, desembargador da Casa da Suplicação, deputado da Junta de Comércio, Agricultura, Fábricas e Navegação do Império e depois visconde de Cairu;
José de Abreu, marechal de campo do Exército, governador das armas do Rio Grande do Sul e depois barão de Cerro Largo;
José Correia Pacheco, membro da junta trina interina de São Paulo e em seguida secretário da Junta de Governo Provisório da mesma província;
José de Medeiros Gomes, ouvidor da comarca de Itu, na província de São Paulo;
José Teodoro, capitão do Regimento de Cavalaria de Linha de Vila Rica;
José Francisco de Andrade de Almeida Monjardim, deputado da Junta de Governo Provisório do Espírito Santo;
José Manuel de Morais, governador das armas da vila dos Campos dos Goitacases, na província do Espírito Santo;
José Raimundo dos Passos Porbém Barbosa, presidente da Junta de Governo Provisório do Ceará;
José Rodrigues Jardim, secretário da Junta de Governo Provisório de Goiás;
José da Silva Brandão, coronel comandante do Regimento de Cavalaria de Linha de Vila Rica;
José da Câmara Coutinho;
José Gabriel de Morais Mayer, segundo-tenente da força expedicionária pernambucana na Bahia;
José Joaquim dos Santos, capitão que evitou o motim da tropa em São Paulo em junho de 1821 (?);
José Leite Pacheco, major comandante do 1.º Batalhão do Exército Pacificador da Bahia;
José Frederico Pascoal Colona, major comandante do 1.º Batalhão Provisório do Exército Pacificador da Bahia;
Inácio José de Sousa Ferreira, cônego da Sé de Mariana;
Lázaro José Gonçalves, comandante da 1.ª Brigada do Exército;
Luís Augusto May, editor d'A Malagueta;
Luís José de Godói Torres, físico-mor de Minas Gerais;
Padre Luís Gonzaga de Camargo Fleury, deputado da Junta de Governo Provisório de Goiás;
Manuel Ferreira de Araújo Guimarães, professor da Imperial Academia Militar e editor da Gazeta do Rio e d'O Espelho;
Manuel Carneiro da Fontoura, coronel do estado-maior do governo das armas do Rio Grande do Sul;
Manuel de Vasconcelos de Sousa Baiana, capitão do Regimento de Cavalaria de Milícias da vila de São Francisco, na província da Bahia;
Padre Manuel Rodrigues da Costa, fazendeiro de Barbacena e em seguida deputado eleito por Minas Gerais à Assembleia Constituinte;
Manuel Joaquim de Ornelas, vereador da Câmara de São Paulo e em seguida deputado da Junta de Governo Provisório de São Paulo;
Manuel Rodrigues Gameiro Pessoa, encarregado de negócios em Paris e depois visconde de Itabaiana;
Padre Manuel Pinto de Castro, presidente da Junta de Governo Provisório do Rio Grande do Norte;
Manuel José de Melo, capitão-mor da vila de Guaratinguetá, na província de São Paulo (?);
Mariano Antônio de Amorim Carrão, tesoureiro da Ordem;
Miguel Nunes Vidigal, coronel comandante da Guarda de Polícia;
Pedro Gomes Nogueira, coronel comandante do 1.º Regimento de Cavalaria de Milícias da comarca do Rio das Velhas, na província de Minas Gerais;
Pedro José da Costa Barros, deputado eleito pelo Ceará às Cortes de Lisboa e em seguida à Assembleia Constituinte;
Pedro José de Brito Caminha, tenente-coronel comandante do Regimento de Infantaria de Milícias da vila de Itu, na província de São Paulo;
Pedro Dias de Macedo Pais Leme, guarda-roupa do imperador e depois marquês de Quixeramobim;
Rodrigo Antônio Falcão, coronel agregado ao Regimento de Cavalaria de Milícias da vila da Cachoeira, na província da Bahia, e depois barão de Belém;
Romualdo José Monteiro de Barros, deputado da Junta de Governo Provisório de Minas Gerais e depois barão de Paraopeba;
Simão Gomes Ferreira Veloso, deputado da vila de Inhambupe ao Conselho Interino de Governo da Bahia;
Tomás Xavier Garcia de Almeida, juiz de fora da vila do Recife, na província de Pernambuco, e em seguida deputado eleito pelo Rio Grande do Norte à Assembleia Constituinte;
Padre Manuel Gonçalves Pereira, vigário da freguesia da Saubara, na província da Bahia;
Vicente da Costa Taques Góis e Aranha, capitão-mor da vila de Itu, na província de São Paulo.
Portanto, 133 galardoados. De cinco nada pude saber e de dois, apenas que eram militares. Além destes dois, mais 61 também o eram, ou melhor, estavam no exercício de ofícios militares ou milicianos. Treze comandavam unidades que formavam a guarnição da Corte e província do Rio de Janeiro e mais sete serviam aí. Cinco eram governadores das armas das províncias (Ceará, Espírito Santo, São Paulo, Rio Grande do Sul e Minas Gerais) e dois, de vilas (Campos dos Goitacases e Santos). Outros seis comandavam tropas provinciais (três de Minas, dois de São Paulo e um do Rio Grande do Sul) e mais oito serviam nessas tropas (quatro em São Paulo, dois no Rio Grande do Sul e dois em Minas). Havia, ainda, quatro capitães-mores (de Alagoas, de Guaratinguetá, de Itu e de Mariana) e sete cabeças das milícias que lutavam contra a ocupação portuguesa de Salvador, além de quatro oficiais do Exército Libertador da Bahia. Foram também condecorados dois comandantes do Exército do Sul, que assegurava a Cisplatina, e da Armada dois chefes de esquadra e um capitão de fragata.
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"Mapa do Brasil". Desenho de Ch. Wagner e litografia de Thierry Frères, 1839 (imagem disponível na Biblioteca Nacional Digital). |
Abundavam, igualmente, os governantes e representantes das províncias: 36. Além do procurador-geral de Santa Catarina, que acumulava o governo das armas da Corte, também se distinguiram um procurador-geral do Rio de Janeiro e o da Cisplatina. Nove outros tinham sido eleitos às Cortes de Lisboa (um pelo Ceará, um pelo Rio Grande do Norte, um por Pernambuco, dois pela Bahia e três por São Paulo) e destes sete foram reeleitos à Assembleia Constituinte (aqueles de Pernambuco, da Bahia e de São Paulo, um desta província pelo Rio Grande do Sul). A estes somavam-se mais cinco constituintes eleitos (dois de Pernambuco, um de Alagoas e dois de São Paulo). Nos governos provinciais, doze faziam parte das juntas provisórias (um do Ceará, do Rio Grande do Norte, de Pernambuco, de Alagoas, do Espírito Santo, do Rio Grande do Sul e de Minas Gerais; três de Mato Grosso; dois de Goiás) e três, do Conselho Interino de Governo da Bahia. Condecoraram-se, ademais, a junta trina interina de São Paulo e os chefes políticos da Cisplatina.
Ainda na administração pública, galardoaram-se três juízes de fora (do Recife, de Taubaté e de São João del-Rei), dois desembargadores (da Relação de Pernambuco e da Casa da Suplicação), um vereador de São Paulo, o ouvidor da comarca de Itu, o físico-mor de Minas Gerais, um contador da Chancelaria-Mor, o provedor-mor da Saúde e o ministro da Justiça. Dom Pedro I honrou também o tesoureiro da ordem, um dos seus guarda-roupas e um dos seus criados particulares. Fora do país, distinguiram-se os diplomatas que serviam em Londres, Paris, Filadélfia e Buenos Aires.
Já na administração eclesiástica, além do bispo capelão-mor e o de Mariana, que celebraram a sagração e coroação do imperador, condecoraram-se um cônego desta sé e outro da paulistana, o vigário de São João del-Rei e o de Saubara. Também o Padre Manuel Rodrigues da Costa, que era fazendeiro em Barbacena. Outros galardoados foram os editores do Correio Brasiliense, d'A Malagueta e da Gazeta do Rio e d'O Espelho e um comerciante do Recife.
Portanto, desde o veterano tenente-general Curado, que comandou as forças leais a Dom Pedro no episódio do Fico, até o criado Carvalho Raposo, que assistiu ao Grito do Ipiranga; desde o deputado Andrada Machado, que propugnou os interesses brasileiros em Lisboa, até o capitão-mor José Joaquim da Rocha, que, também eleito, permaneceu no Rio de Janeiro, articulando o boicote da bancada mineira às Cortes e o apoio dela ao príncipe regente; desde o barão da Laguna, que sustentava com grandes dificuldades a adesão da Cisplatina ao Império, até o Periquitão, que ordenou uma milícia para lutar contra o exército português na Bahia, a generalidade das primeiras nomeações da Ordem do Cruzeiro distinguiu os protagonistas da Independência do Brasil.
Notas:
(1) As eleições à Assembleia Constituinte ocorreram em setembro em Alagoas, Rio de Janeiro e Paraíba; em outubro, em Pernambuco, Rio Grande do Sul e São Paulo; em novembro, em Santa Catarina; em dezembro, em Mato Grosso, Minas Gerais e Ceará; em janeiro de 1823, no Rio Grande do Norte e Goiás; em maio, na Bahia.
(2) O termo procurador referia a um delegado: os procuradores-gerais eram os delegados das províncias brasileiras no conselho que Dom Pedro criou pelo Decreto de 16 de fevereiro de 1821; os procuradores das câmaras municipais eram os delegados que as representavam em missão. (3) Recusou a condecoração.
(4) Não consta em nenhum lugar o nome desse bispo. Kerman é uma cidade do Irã, o que supõe um título episcopal in partibus, mas nem está na lista das dioceses titulares nem havia nenhum bispo auxiliar no Brasil em 1822. No Coroação de Dom Pedro I, quadro de Jean-Baptiste Debret, veem-se seis prelados de mitra, talvez sete. Licença poética ou terão sido abades mitrados? Ora, é muito duvidoso que no Rio de Janeiro à data estivesse presente mais algum bispo além do celebrante e do assistente conhecido, isto é, o de Mariana, pois se sabe que os demais das dioceses e prelazias brasileiras (Salvador, São Luís, Belém, São Paulo, Goiás e Cuiabá; a sé de Olinda estava vacante) não estavam. Cumpre notar, porém, que o Pontificale Romanum prescreve três bispos para a celebração da sagração e coroação, o que dá lugar a especular se esse bispo de Kerman existiu. (5) No despacho saiu o nome de seu tio: Francisco Maurício de Meneses de Sousa Coutinho.