TESOURO DE NOBREZA (XIX)

Armas das famílias (III).

Do Tesouro de nobreza (1675):

Confira-se a postagem introdutória no que diz respeito às descrições e aos critérios de edição.

Fólio 33 – 1. Queirós; 2. De Guivar; 3. Coelhos; 4. Do Sem; 5. Gamas; 6. Rebelos; 7. Fonsecas; 8. Valentes; 9. Gamas de Dom Vasco da Gama; 10. Ferreiras; 11. Botos; 12. Lobatos.

1. Os Queirós trazem um "escudo esquartelado: no primeiro e último, de ouro com seis crescentes de luas vermelhos em duas palas; e no segundo e terceiro, de prata com um leão de púrpura vermelho; timbre: um dos leões das armas passante com um dos crescentes de lua na espádua". Coelho converge nas armas e diverge no timbre.

2. Os de Guivar trazem uma águia vermelha, carregada de um crescente de prata sobre o peito, em campo de ouro; timbre: a águia nascente.

3. Os Coelhos trazem "em campo de ouro um leão de púrpura vermelho com três faixas jaqueladas de ouro e azul e ũa orla azul com sete coelhos de prata, malhados de preto; timbre: o mesmo leão das armas nascente, despedaçando um coelho antre as unhas". Coelho é que diverge.

4. Os do Sem trazem "em campo vermelho um leão de ouro, armado de prata; orla azul, cheia de vieiras de prata; timbre: o leão das armas passante com ũa vieira na espádua". Coelho converge.

5. Os Gamas trazem um "escudo xaquelado de ouro e vermelho de três peças em faixa e sobre cada ũa de vermelho duas coticas de prata em faixa, as quinas de Portugal no meio do escudo; timbre: ũa gama de ouro com três coticas vermelhas". Nas folhas 23 e 26 reproduzem-se bem as armas dos Gamas, mas nesta estão invertidos os esmaltes dos escaques com as faixas.

6. Os Rabelos trazem "em campo azul três faixas de ouro e sobre cada ũa ũa flor de lis vermelha, postas em banda; timbre: um leopardo de ouro com ũa flor de lis na testa".

7. Os Fonsecas trazem "em campo d'ouro cinco estrelas vermelhas em aspa de seis pontas cada ũa; timbre: um touro passante vermelho com os cornos e unhas douradas e ũa estrela de ouro na espádua".

8. Os Valentes trazem "um leão de ouro, faixado com três faixas azuis manilhadas, em campo vermelho; timbre: o mesmo leão das armas".

9. Os Gamas de Dom Vasco da Gama trazem "escudo xaquelado de ouro e vermelho de três peças em faixa e sobre cada ũa de vermelho duas coticas de prata em faixa, as quinas de Portugal no meio do escudo; timbre: meio naire, vestido ao uso da Índia, com o escudo das armas na mão".

10. Os Ferreiras trazem "em campo vermelho quatro faixas d'ouro; e por timbre uma ema de sua cor com ũa ferradura d'ouro de prata no bico". Coelho é que diverge.

11. Os Botos trazem "escudo franchado de ouro e vermelho: sobre o primeiro, ũa cabeça de mouro, toucada de prata e cortada em sangue; e no segundo, ũa torre um castelo de prata, lavrado de negro; e assi aos contrários; timbre: uma torre de prata e ũa cabeça cortada em sangue toucada de vermelho e prata no alto dela". Estas armas foram concedidas por Dom Afonso V a Martim Esteves Boto em 1462, mas não são descritas na carta de brasão. De todo modo,  Coelho é que diverge.

12. Os Lobatos trazem "em campo vermelho com três castelos de prata em roquete, lavrados de negro; orla de ouro, cheia de lobos negros; timbre: um dos castelos com um lobo nascente".

Fólio 34 – 1. Cerveiras; 2. Veigas; 3. Cabrais; 4. Aguiares; 5. Farias; 6. Pachecos; 7. Barretos; 8. Arcas; 9. Soutos Maiores; 10. Serpas e Serpes; 11. Nogueiras; 12. Pintos.

1. Os Cerveiras trazem "duas cervas de púrpura passantes em campo de prata; orla vermelha de prata, cheia de escudinhos das armas do Reino; timbre: ũa das cervas". Coelho converge.

2. Segundo Albergaria, os Veigas trazem um "escudo en cuartel con una águila de oro extendida, armada de plata, en el primero y último; y en los otros, tres flores de lis azules en campo de plata; y por timbre la misma águila", mas ao traduzi-lo, Coelho quis dar as armas dos Veigas de Vila Viçosa, que pinta assim: "Escudo esquartelado com ũa águia de ouro estendida, armada de prata, no primeiro e último, em campo vermelho; ũa cruz chã de ouro em campo vermelho, firmada entre quatro flores de lis de ouro, no segundo e terceiro; e nos outros no último, três flores de lis azuis em campo de prata. Timbre: ũa das águias a águia".

3. Os Cabrais trazem "duas cabras de púrpura passantes em campo de prata, armadas de negro, postas em pala; e timbre: ũa delas".

4. Os Aguiares trazem "em campo de ouro ũa águia de vermelho estendida, armada de negro; e a mesma por timbre".

5. Os Farias trazem "em campo vermelho ũa torre de prata, lavrada de negro, antre duas flores de lis de prata e três mais no alto; timbre: a mesma torre com ũa flor de lis vermelha sobre as ameias".

6. Os Pachecos trazem "em campo d'ouro duas caldeiras negras em pala com três faixas, cada ũa de ouro e vermelho, veiradas e contraveiradas, com as asas da mesma sorte e em cada caldeira cabeças de serpes de ouro nos remates das asas, duas da parte de dentro e duas de fora, com as línguas vermelhas; timbre: duas cabeças de serpes de ouro nascentes e batalhantes".

7. Os Barretos trazem "em campo de prata, semeado de arminhos; timbre: ũa donzela vestida de prata e arminhos com as mãos cobertas e postos os olhos em o céu, com ũa letra que diz Malo mori quam fœdari". Albergaria é que acrescenta a divisa ao timbre, que quer dizer "Antes morrer do que desonrar-se".

8. Os Arcas trazem um "escudo esquartelado: o primeiro de ouro com faixa vermelha; o segundo xaquetado de ouro e vermelho de três quatro peças em faixa; e assi os contrários; timbre: um galgo negro, que se empina no elmo, passante com sua coleira xaquetada de ouro e vermelho". Coelho é que diverge; no Livro da nobreza e perfeição das armas, o timbre é um perdigueiro sentado.

9. Os Soutomaiores trazem "em campo de prata três faixas xaqueladas de ouro e vermelho com seus viroles negros; timbre: um leão de prata com as três faixas das armas".

10. Os Serpas e Serpes trazem "em campo verde um leão de ouro batalhante entre duas torres de prata, guarnecidas de negro e ũa serpe de ouro voando; timbre: ũa das torres com a ũa serpe verde, nascente dela".

11. Os Nogueiras trazem "em campo de ouro ũa banda xaquelada de prata e verde de cinco peças em faixa com ũa cotica vermelha negra, que cobre as do meio; timbre: ũa cabeça de serpe de ouro com uma barra xaquelada de verde e prata com e um ramo de nogueira em a boca com o fruto de sua cor". Coelho é que diverge.

12. Os Pintos trazem "em seu escudo de prata cinco crescentes vermelhos; timbre: um leopardo de prata passante, armado de vermelho, com um dos crescentes na espádua".

Fólio 35 – 1. Barbatos; 2. Gouveias; 3. Godinho; 4. Aranhas; 5. Atouguias; 6. Jácomes; 7. Botilher; 8. Serrão; 9. Gagos; 10. Maias; 11. Pedrosos; 12. Alcáçova.

1. Os Barbatos trazem "em campo vermelho ũa banda de prata entre dois leões trepantes de ouro, picados de azul; timbre: meio leão das mesmas cores".

2. Os Gouveias trazem "escudo partido em pala: a primeira de vermelho com seis besantes de prata, cada três em pala, entre ũa dobre-cruz de ouro; orla do mesmo; o segundo de prata com seis torteaus de azul, cada três em pala; timbre: águia vermelha com as asas estendidas e em cada ũa três besantes de prata e o colo levantado, como que intenta fazer presa".

3. Os Godinhos trazem "partido em pala: a primeira xaquelada de ouro e vermelho de duas peças em faixa e a segunda xaquetada de ouro e azul, que entre todas são vinte peças; timbre: ũa hidra de ouro de sete cabeças, a do meio maior e as outras em seu resguardo".

4. Os Aranhas trazem "em campo azul, asna ou chaveirão de prata antre três flores de lis d'ouro e no alto dela um escudinho vermelho com ũa banda de prata e sobre ela três aranhas negras; timbre: a asna".

5. Os Atouguias trazem "em campo sanguinho ũa cruz de ouro firme na guarnição do escudo antre quatro flores de lis de ouro"; timbre: um leão nascente vermelho.

6. Os Jácomes trazem um "escudo partido em pala: o primeiro de azul com um castelo de prata coberto, com portas e frestas, lavrado de negro; o segundo de ouro com meia águia negra estendida, armada de vermelho e picada de ouro; timbre: o mesmo castelo". Coelho converge.

7. Os Botilheres trazem "em campo vermelho duas copas de ouro, postas em duas palas, lavradas de ouro e azul; chefe emalhetado de azul e ouro de cinco peças sobre o azul. Timbre: uma águia negra com a língua vermelha e nascente de um ninho de sua cor".

8. Os Serrãos trazem "em campo de prata um leão vermelho, armado de negro, sobre ũa serra verde; timbre: meio leão".

9. Os Gagos trazem "em campo vermelho, aspa de prata com ũa estrela de ouro em cima de oito pontas e três crescentes de prata no demais campo; timbre: um leão passante com a estrela vermelha na testa".

10. Os Maias trazem "em campo vermelho ũa águia negra estendida, armada e matizada d'ouro; timbre: a mesma águia volante".

11. Os Pedrosos trazem "em campo de ouro sete lobos de púrpura vermelhos entre duas faixas vermelhas, os três em o alto do escudo e outros tantos no meio e o outro no baixo; timbre: um dos lobos com ũa faixa de ouro". Coelho diverge nas armas e converge no timbre.

12. Os Alcáçovas trazem "ũa fortaleza de prata de cinco torres e a do meio mais alta, com frestas e portas, lavrada de negro e a muralha dobrada em campo azul; timbre: a mesma fortaleza". Estas armas foram concedidas por Dom João II a Pedro de Alcáçova em 1490. Na carta de brasão, descrevem-se assim: "ũu escudo com campo azul e ũa alcáçova de prata no meo, com as servantes negras". Portanto, é provável que Albergaria as tenha brasonado a partir de certo desenho, procurando descrevê-las com maior minúcia.