08/06/24

TESOURO DE NOBREZA (XX)

Armas das famílias (IV).

Do Tesouro de nobreza (1675):

Confira-se a postagem introdutória no que diz respeito às descrições e aos critérios de edição.

Fólio 36 – 1. Temudos; 2. Hortas; 3. Abul; 4. Garcês de Afonso Garcês, Secretário d’el-Rei Dom Afonso V; 5. Rolão; 6. Xiras e Belxiras; 7. Guimarães de Pedro Lourenço de Guimarães; 8. Ornelas; 9. Pinas; 10. Matos; 11. Cerqueira; 12. Lemes.
Fólio 36 – 1. Temudos; 2. Hortas; 3. Abul; 4. Garcês de Afonso Garcês, Secretário d'el-Rei Dom Afonso V; 5. Rolão; 6. Xiras e Belxiras; 7. Guimarães de Pedro Lourenço de Guimarães; 8. Ornelas; 9. Pinas; 10. Matos; 11. Cerqueira; 12. Lemes.

1. Os Temudos trazem "em campo azul ũa águia de ouro estendida de duas cabeças com os pés sobre ũa cabeça de mouro, toucada de prata e em sangue, toda orla de um cordão d'ouro; timbre: a mesma águia".

2. Os Hortas trazem "em campo de ouro um braço nu, firme em faixa e no alto do escudo, com ũa chave grande na mão e no pé do escudo ondado de azul e prata; timbre: o mesmo braço das armas com a chave na mão".

3. Os Abuis trazem "escudo partido em pala: o primeiro de ouro com ũa meia águia negra estendida, armada de azul; e o segundo de azul com ũa faixa vermelha, perfilada d'ouro, e três crescentes de luas de prata com as pontas para baixo em roquete, a alta sobre a faixa; timbre: duas asas de águia negra estendidas e antre elas ũa das luas das armas".

4. As armas de Afonso Garcês, secretário de Dom João II, foram certificadas pelo rei de armas Portugal em 1492, mas já a carta de certidão mostra dificuldade no brasonamento, ao ponto de se ter feito num francês macarrônico: "port palé de trois pièces : au primier, d'or à six tourtuaux de gueules en doux pales ; au segund, d'argent à un chef de gueules à un croissant d'argent ante sus doux clés d'azur en sautoir, liées d'argent ; au tercier, d'azur à une tour de or, portéa de sinoble, entre sept estoiles de la tour ; y aussi porte un quarteron en pointa, mé parti en quatre : de gueules à une croix d'argent en cor, à un chief d'argent, à l'encontre du primer, à trois rouelles d'argent en pale, sangré d'un en altre". Portanto, a reprodução mais fiel acha-se no Livro do Armeiro-Mor, já que Antônio Godinho no Livro da nobreza e perfeição das armas corrige os besantes de prata em campo de ouro, pintando-os de azul. Albergaria não se sai melhor, sobretudo em relação os quartéis do meio: "El campo partido en tres palas con la primera y la tercera cuarteadas: el primero de oro con seis torteaos rojos en dos palas y así el contrario; el tercero de azul con una torre de plata, labrada de negro, cercada de estrellas de oro; la pala del medio partida en tres fajas: la superior de rojo con dos llaves de plata en aspa, asentadas sobre una menguante de plata; la segunda de plata y la tercera inferior en cuarteles: el primero de rojo con una cruz llana de plata con el chefe de lo mismo y el segundo rojo con tres besantes de plata. Y por timbre las dos llaves de las armas en aspa con la media luna entre ellas". Coelho tradu-lo palavra por  palavra: "Campo partido em três palas: a primeira e terceira quarteadas: o primeiro de ouro com seis torteaus vermelhos em duas palas e assi ao contrário; o terceiro de azul com ũa torre de prata, lavrada de negro, cercada de estrelas de ouro; a pala do meio partida em três faixas: a superior de vermelho com duas chaves de prata em aspa, assentadas sobre um minguante de prata; a segunda de prata e a terceira inferior em quartéis: o primeiro de vermelho com ũa cruz chã de prata com um chefe do mesmo e o segundo de vermelho com três besantes de prata. Timbre: as duas chaves das armas em aspa com a meia lua entre elas". Mas ao reproduzi-las, sai-se pior.

5. Albergaria menciona Rolão de Hauxi no seu apêndice, de quem diz que "su origen es flamenco y sus armas en campo rojo, león de oro rompiente, armado de plata, y por timbre el mismo naciente". Trata-se, portanto de Rolão de Aussi, cujas armas se veem no Livro do Armeiro-Mor, estando aí o leão armado e lampassado de azul, ao passo que Coelho o pinta todo de vermelho.

6. Os Xiras e Belxiras trazem num "escudo vermelho um chaveirão de prata com cinco cruzes de São Jorge vermelhas; timbre: ũa cabeça de unicórnio de prata com o corno vermelho de ouro, com ũa das cruzes na garganta". Coelho converge.

7. As armas de Pedro Lourenço de Guimarães também sofreram notável incompreensão. Como se vê no Livro do Armeiro-Mor e no Livro da nobreza e perfeição das armas, traz em campo de prata, fretado de negro, uma pala vermelha, brocante sobre o fretado, e um leão de arminho, armado e lampassado de azul, brocante sobre tudo; por timbre, o leão. Albergaria começa brasonando-as razoavelmente: "el campo de plata, listado o fretado de negro, una pala roja y sobre ella un león batallante, vestido de armiños"; mas ao tentar emendar-se, erra mais: "alias, escudo partido en tres palas: la del medio roja y las otras de plata, listadas de negro, con el león en la del medio". Acerta apenas o timbre: "el mismo león". Coelho traduz fielmente ambas as descrições, mas diverge no timbre: "Em campo de prata, listrado ou fretado de negro, e ũa pala vermelha e sobre ela um leão batalhante, vestido de arminhos, aliás, escudo partido em três palas: a do meio vermelha e as outras de prata, listradas de negro, com o leão na do meio. Timbre: o mesmo leão com um bastão na mão, arrimado a ele". Ao reproduzi-las, faz o primeiro de negro, lisonjado de prata, e o terceiro de prata, lisonjado de negro.

8. Os Ornelas trazem "em campo azul ũa banda de ouro entre duas sereias de sua cor com espelhos na mão direita, guarnecidos de ouro, e na esquerda um pente de ouro e sobre a banda três flores de lis vermelhas; timbre: ũa das sereias das armas".

9. Os Pinas trazem "ũa torre de prata em campo vermelho, lavrada de negro, afirmada sobre ũa rocha verde, lavrada de azul; timbre: a mesma torre".

10. Os Matos trazem "em campo vermelho um pinheiro verde com raízes de prata e pinhas de ouro antre dois leões de ouro batalhantes, trepando, armados de azul; timbre: um dos leões nascente com um ramo do pinheiro da mão".

11. Os Cerqueiras trazem "em campo vermelho um leão de ouro rompente, armado de azul, com ũa coleira vermelha, guarnecida de ouro; timbre: o mesmo leão sem a coleira".

12. Os Lemes trazem "três merletas negras em campo de prata; e timbre: ũa delas sobre ũa aspa de prata".

Fólio 37 – 1. Seixas; 2. Do Pau; 3. Durmus e Escórcio; 4. Dom Pedro Rodrigues do Amaral, Protonotário; 5. Câmaras; 6. Frazão; 7. Alcanforados; 8. Antas ou Dantas; 9. Teives; 10. Ulveiras; 11. Peixoto; 12. Barradas.
Fólio 37 – 1. Seixas; 2. Do Pau; 3. Durmus e Escórcio; 4. Dom Pedro Rodrigues do Amaral, Protonotário; 5. Câmaras; 6. Frazão; 7. Alcanforados; 8. Antas ou Dantas; 9. Teives; 10. Ulveiras; 11. Peixoto; 12. Barradas.

1. Os Seixas trazem "em campo verde cinco seixas de prata em aspa, aquelas nos cantões sinistro do chefe e destro da ponta voando (que são o mesmo que pombas bravas ou torcazes), armadas de vermelho; timbre: ũa delas voante". O complemento entre parênteses faz sentido no original de Albergaria: "En campo verde cinco seixas de plata en aspa volando (que son lo mismo que palomas bravas o torcaces), armadas de rojo. Y por timbre una dellas".

2. Os do Pau trazem um "escudo esquartelado com ũa cruz d'ouro endentada: no primeiro, de vermelho com duas palas de prata; e no segundo de azul, um leão de prata, armado de vermelho; e assi aos contrários; timbre: meio leão, armado de vermelho com ũa pala vermelha na espádua". Coelho converge.

3. Durmus é, na verdade, Durmão ou Durmon, formas que se deram em Portugal ao sobrenome Drummond, de origem escocesa. As suas armas são "em campo de ouro vermelho três faixas vermelhas sete faixas de ouro ondadas; timbre: meio lebréu vermelho negro com coleira d'ouro". Coelho é que diverge.

4. Os Amarais de Pedro Rodrigues trazem um "escudo vermelho, meio leão de ouro coroado com língua vermelha e ũa espada de prata em a mão direita, a guarnição de ouro, e armado de prata, e em cima ũa águia de ouro de duas cabeças em campo vermelho; timbre: o mesmo leão". Estas armas foram-lhe concedidas por André Paleólogo em 1491, confirmadas pelo papa Alexandre VI em 1494 e pelo rei Dom Manuel I em 1503. Na tradução da carta de brasão, descrevem-se assim: "que possaes trazer no vosso escudo as nossas armas e devisas em esta maneira, a saber, que façaes da parte de cima meio lião coroado, que tenha ũa espada na mão, naquela maneira que nas nossas armas e devisas se mostra". Portanto, uma descrição insuficiente, em face da qual cumpre tomar por referência a reprodução no Livro do Armeiro-Mor, da qual Coelho pouco diverge.

5. Os Câmaras trazem "em campo negro ũa torre de prata, assentada sobre um monte verde, antre dois lobos de ouro, armados de negro vermelho, empinados; timbre: um dos lobos passante". Estas armas foram concedidas por Dom Afonso V a João Gonçalves da Câmara de Lobos em 1460. Na carta de brasão, descrevem-se assim: "ũu escudo preto e ao pee ũa montanha verde, sobre a qual está fundada e edificada ũa torre de prata, antre dous lobos d'ouro".

6. Os Frazões trazem uma asna de prata entre três flores de lis de ouro em campo vermelho; timbre: uma asna vermelha, carregada de uma das flores de lis.

7. Os Alcoforados trazem um "escudo xaquetado de prata e azul de sete peças em faixa; timbre: ũa águia azul volante, armada de negro, com a asa direita xaquetada".

8. Os Antas ou Dantas trazem "em campo vermelho seis lisonjas de prata em cruz, as quatro em pala; por timbre, ũa anta de prata sua cor". Coelho converge.

9. Os Teives trazem um "escudo esquartelado: no primeiro e último, de ouro com seis torteaus vermelhos em duas palas; e no segundo e terceiro, de prata com três arminhos negros em faixa; timbre: um leão-pardo, a metade de ouro e outra ametade arminhado, armado de vermelho com um torteau na espádua".

10. Os Ulveiras trazem "em campo azul cinco crescentes de prata em aspa; timbre: ũa onça nascente de sua cor com língua vermelha e ũa lua na espádua coleira azul". Coelho converge na coleira, mas diverge na sua cor.

11. Os Peixotos trazem um "escudo xaquelado de ouro e azul de seis peças em faixa; timbre: um corvo marinho com um peixe de prata no bico".

12. Os Barradas trazem "em campo azul ũa cruz de prata chã, firmada e em cada quartel cinco vieiras de ouro, tocadas de vermelho; timbre: ũa aspa de dois troncos de árvore de ouro azul, escurecidos de azul, e cinco vieiras das armas, penduradas dos troncos, postas em aspa". Coelho é que diverge.

Fólio 38 – 1. Teixeiras; 2. Bastos e Bairros e Barreiros; 3. Passanhas; 4. Pedrosas; 5. Mascarenhas; 6. Marinhos; 7. Betancor; 8. Maldonados e Aldanas; 9. Velhos; 10. Meiras; 11. Segurados; 12. Góis.
Fólio 38 – 1. Teixeiras; 2. Bastos e Bairros e Barreiros; 3. Passanhas; 4. Pedrosas; 5. Mascarenhas; 6. Marinhos; 7. Betancor; 8. Maldonados e Aldanas; 9. Velhos; 10. Meiras; 11. Segurados; 12. Góis.

1. Os Teixeiras trazem "em campo azul ũa cruz de ouro potenteia e vazia; timbre: meio unicórnio branco com corno e unhas de ouro". Coelho é que diverge.

2. Os Bastos, Bairros e Barreiros trazem "em campo de ouro três troncos negros com nós, postos em banda; e timbre: os mesmos, atados com um torçal de ouro".

3. Os Pessanhas trazem "em campo de prata ũa banda vermelha endentada e sobre ela três flores de lis de prata; timbre: ũa asa de águia vermelha com as três flores de lis em pala sobre ela".

4. Os Pedrosas trazem "escudo de ouro e cinco pedras negras, azuladas de sua cor com ũa águia negra estendida, armada de prata, sobre a do meio; timbre: a mesma águia das armas". Coelho traduz literalmente Albergaria: "cinco piedras negras, azuladas de su color", mas isto é, afinal, ininteligível.

5. Os Mascarenhas trazem "em campo vermelho três faixas de ouro; timbre: um leão rompente de vermelho, faixado d'ouro". Coelho converge.

6. Os Marinhos trazem "cinco flores de lis d'ouro em aspa em campo verde; timbre: uma sereia com os cabelos de ouro".

7. Os Bethencourt trazem "em campo de prata um leão rampante negro, armado de vermelho; timbre: o mesmo leão".

8. Os Maldonados e Aldanas trazem "cinco flores de lis de ouro em campo vermelho; timbre: meio leão de ouro, armado de vermelho, com ũa flor de lis do mesmo na espádua".

9. Os Velhos trazem "em campo vermelho cinco vieiras d'ouro, guarnecidas de negro; timbre: um chapéu pardo negro com ũa das vieiras a um lado".

10. Os Meiras trazem "em campo vermelho ũa cruz de ouro florida e vazia com quatro conchas nela; timbre: um lebréu passante negro com a boca aberta, com coleira e língua vermelha". Coelho converge.

11. Os Segurados trazem "em campo azul de ouro cinco seguras de prata em aspa, cabos de ouro, gotadas de sangue e ũa orla verde vermelhas; timbre: duas das seguras das armas em aspa, atadas com um torçal azul". Coelho é que diverge.

12. Os Góis trazem "em campo azul seis cadernas de prata, postas em pala; timbre: um dragão azul, armado de prata, com ũa caderna das armas nos peitos". Coelho diverge dos seus coetâneos.

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