Armas dos de Castelo Branco, Resendes, Monizes, Febo Moniz e Mouras.
De João Rodríguez de Sá, decrarando alguns escudos d'armas dalgũas linhagens de Portugal que sabia donde vinham.
Armas dos de Castelo Branco: De azul com um leão de ouro, armado e lampassado de vermelho. |
Castel-Branco
Esta casa descende de Nuno Vasques, que instituiu o morgadio de Castelo Branco em Santa Iria de Azoia, Estremadura, em 1442 e o entregou a Lopo Vasques, seu irmão, em cuja geração se conservou até o fim do Antigo Regime. Foram netos de Vasco Anes, primeiro senhor de outro morgadio, este na cidade de Castelo Branco, Beira Baixa, cujo destino se desconhece.
A Gonçalo Vasques, secundogênito do primeiro morgado de Castelo Branco, Dom Afonso V doou o senhorio de Vila Nova de Portimão em 1472 e a favor de Martinho, seu filho, Dom Manuel I elevou esse senhorio a condado em 1514. Isso baliza a composição das quintilhas heráldicas de Sá de Meneses entre esse ano e o da publicação, 1516. O nosso poeta foi, a propósito, genro do primeiro conde de Vila Nova de Portimão.
Armas dos Resendes: De ouro com duas cabras passantes de negro, gotadas de ouro, uma sobre a outra. |
Resende
Esta casa descende de Afonso Ermiges, tenente de Baião, no Douro Litoral, sob Dom Afonso Henriques, ainda que a literatura genealógica remonte a linhagem até um cavaleiro franco de nome Arnaldo no século X. O sexto filho de Afonso Ermiges de Baião, Rodrigo Afonso, herdou por parte de mãe a honra de Resende, na Beira Alta. Foram seus netos que começaram a se chamar pelo nome dessa herdade, daí que no Livro do Armeiro-Mor (f. 62r) se nomeie essa linhagem Baião Resende e à folha 12v do Livro da nobreza e perfeição das armas se tenham pintado as armas dos Resendes, mas mãos menos hábeis do que as de Antônio Godinho tenham acrescentado à folha 42r as pretensas armas dos Baiões. Essa distinção nunca se praticou porque é artificiosa, já que a varonia dos Baiões se extinguiu.
Baião deve ser um topônimo de origem pré-romana e Resende vem de Redesindi, genitivo do antropônimo germânico Redesindus, indicando uma propriedade de alguém que se chamava assim.
Armas dos Monizes: De azul com cinco estrelas de sete raios de ouro. |
Moniz
Moniz é o patronímico de Munnius, um antropônimo popular nos séculos X e XI. Trocando em miúdos, todo filho de um Munnius podia chamar-se Fulano Moniz, como Egas Moniz, filho de Monio Ermiges e aio de Dom Afonso Henriques, cuja ascensão apoiou vigorosamente. Os Monizes que trazem cinco estrelas de sete raios de ouro em campo de azul descendem, não obstante, de Vasco Martins, que viveu no tempo de Dom João I. A um neto seu, Jorge, Dom Manuel I doou o senhorio de Angeja, na Beira Litoral, doação que se renovou na sua linhagem até a quarta geração.
Fêbus Moniz e seu filho
Não se sabe por quê, os filhos de Gil Aires, escrivão da puridade do condestável Nuno Álvares Pereira, tomaram o sobrenome Moniz. Destes, foi Vasco Gil que pode ter acompanhado o infante Dom João de Coimbra na sua viagem a Chipre para casar com Carlota de Lusignan, princesa de Antioquia. Durante a estadia na ilha, o próprio Vasco teria casado, então, com uma dama da casa real, chamada Leonor.
Dom João de Coimbra foi o secundogênito do infante Dom Pedro, duque de Coimbra, que morreu na Batalha da Alfarrobeira (1449), lutando contra seu sobrinho, o rei Dom Afonso V, de quem fora regente durante a menoridade. Desterrado, Dom João foi abrigado por sua tia, a duquesa Isabel, na corte borguinhona, onde cresceu com a estima de Filipe III o Bom. O casamento com a princesa Carlota, filha de João II de Chipre, aconteceu em 1456, mas seis meses depois a rainha Helena Paleólogo envenenou o próprio genro. Vasco Gil Moniz deveu retornar em seguida a Portugal, levando consigo sua esposa.
O pai de Leonor de Lusignan foi Febo, senhor titular de Sídon, neto de Pedro I de Chipre (1358-69) e trineto de Hugo IV de Chipre (1324-58). O filho de Vasco Gil Moniz e Leonor de Lusignan recebeu o nome de seu avô materno e esquartelou as armas dos Monizes dos senhores de Angeja e aquelas da casa real cipriota desde 1393, as quais se compunham, à sua vez, das armas reais de Jerusalém, de Chipre moderno, da Armênia e de Chipre antigo. Estas armas foram reproduzidas com grande variedade e o próprio Febo Moniz não tinha de todo direito a elas, já que os reis cipriotas dos quais descendia não reinaram na Cilícia armênia.
Febo Moniz foi reposteiro-mor de Dom Manuel I e seus descendentes também exerceram ofícios cortesãos e concelhios e receberam mercês régias, entre eles seu neto homônimo, procurador de Lisboa nas Cortes de Almeirim, em 1580, onde se opôs à pretensão de Filipe II à coroa portuguesa. A varonia da linhagem extinguiu-se na quarta geração.
Armas dos Mouras: De vermelho com sete castelos de ouro, alinhados em três palas, três no meio. |
Moura
Esta casa vem de Vasco Martins, primeiro alcaide-mor de Moura, no Baixo Alentejo, sob Dom Afonso III. A literatura genealógica toma-o por neto de um conquistador dessa cidade. Um bisneto seu, Álvaro Gonçalves, casou com Urraca Fernandes Rolim, senhora da Azambuja, na Estremadura. Ela descendia de um cavaleiro bretão chamado Childre, que esteve na conquista de Lisboa (1147) e foi recompensado por Dom Afonso Henriques com esse senhorio. Ao filho deste, dito Raolinus em latim, Dom Sancho I doou em 1200 outro senhorio, mais tarde Vila Franca de Xira, a qual ganhou esse nome porque foi povoada por flamengos ("francos"). O composto Rolim de Moura deve-se, pois, à Casa da Azambuja, cuja varonia perdurou até a sexta geração.
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