Armas dos Lobos, Sás, Lemos, Cabrais e Silveiras.
De João Rodríguez de Sá, decrarando alguns escudos d'armas dalgũas linhagens de Portugal que sabia donde vinham.
Armas dos Lobos: De prata com cinco lobos de negro, armados e lampassados de vermelho. |
Lobos
Lobo era originariamente uma alcunha, do substantivo comum lobo. Os Lobos desta casa descendem de Pedro Pais: veio de Castela para Portugal no séquito de Dona Mécia Lopes de Haro, que casou com Dom Sancho II. O rei doou-lhe, ao que parece em uma vida, o senhorio das Terras de Basto, no Minho, mas um bisneto seu, Diogo Lopes, recebeu o senhorio de Alvito, no Baixo Alentejo, por mercê de Dom João I. Em 1475, na quarta geração, Dom Afonso V fez barão de Alvito João Fernandes da Silveira, esposo de Maria de Sousa Lobo, quinta senhora. Os seus descendentes chamaram-se Lobo da Silveira e conservaram o título até o fim da monarquia.
Armas dos Sás: Xadrezado de prata e azul de cinco peças em faixa e seis em pala. |
Sás
Sá é um topônimo muito frequente em Portugal e na Galiza. Vem de *sala, vocábulo suevo ou gótico, e é cognato de sala e salão, da mesma origem germânica, mas estes do frâncico *sal, pois que vindos pelo francês ou provençal. Na cultura germânica, designava o salão do chefe tribal (sele no inglês antigo, sali no alto-alemão antigo, salr no nórdico antigo); no mundo românico sob elites germânicas, era o paço senhorial.
A quinta de Sá que deu nome a esta linhagem armoriada ficava em Vizela, no Minho. Pertenceu a Martim Fernandes, que viveu no tempo de Dom Dinis. Diz-se que um bisneto seu, Rodrigo Anes, foi embaixador de Dom Fernando I junto ao papa Gregório XI e em Roma casou com Cecilia Colonna, filha de Giacomo Colonna, senador, de quem teve João Rodrigues, dito o das Galés, por ter acudido Lisboa contra a frota castelhana durante o cerco de 1384. Contudo, a escassez documental aponta que isso foi inventado pela literatura genealógica, possivelmente a partir de fatos mais prosaicos, como uma união do dito Rodrigo Anes, já viúvo da mãe de João Rodrigues, com uma filha sacrílega de Dom Agapito Colonna, que foi bispo de Lisboa de 1371 a 1380.
João Rodrigues de Sá, o das Galés, foi o primeiro alcaide-mor do Porto, o primeiro senhor de Sever e trisavô de João Rodrigues de Sá de Meneses, o nosso poeta.
Armas dos Lemos: De vermelho com cinco cadernas de crescentes de ouro. |
Lemos
A Terra de Lemos é uma comarca galega cuja capital é Monforte de Lemos. Presume-se que o fato de ter constituído sucessivamente desde o século XII uma tenência, um senhorio e um condado (primeiro não hereditário e depois hereditário) facilitaria a pesquisa genealógica, mas demonstra, ao contrário, que um topônimo unívoco não garante o mesmo entroncamento de todos que o tomaram por sobrenome.
Assim, parece que os Lemos portugueses descendem dos senhores de Ferreira e Sober, na dita comarca, mais precisamente do filho homônimo de Lopo Lopes de Lemos, que teria vindo para Portugal no reinado de Dom Dinis. Morou em Lisboa, de onde foram cidadãos seus filhos e netos. O sobrenome foi continuado por um bisneto seu, Geraldo Martins de Lemos, cuja prole recebeu diferentes herdades.
Armas dos Cabrais: De prata com duas cabras passantes de púrpura, uma sobre a outra. |
Cabral
Depois de Dom João I ter nomeado Álvaro Gil Cabral alcaide-mor de Belmonte, os Cabrais fizeram dessa vila na Beira Baixa o seu solar, já que o ofício foi renovado a favor de seu filho e neto e, desde 1466, se tornou de juro e herdade. A casa deteve-o, juntamente com o senhorio de Azurara, hoje Mangualde, na mesma região, até a décima quarta geração.
Evidentemente, o sobrenome Cabral foi usado antes de Álvaro Gil, pois foi tirado pelos seus ascendentes de algum lugar que se chamava assim por abundarem aí cabras selvagens.
Armas dos Silveiras: De prata com três faixas de vermelho. |
Silveiras
Esta casa descende de Gonçalo Vasques, senhor de uma quinta da Silveira que ficava no Redondo, Alto Alentejo, e viveu no tempo de Dom Fernando I. O sobrenome foi continuado pela geração de sua filha, Maria Gonçalves da Silveira.
Não obstante, Silveira é um topônimo frequente em Portugal e na Galiza, do substantivo comum que, como silva e sarça, designa plantas do gênero Rubus, que o poeta dá como suporte do escudo, mas compunha, na verdade, o timbre: um urso de prata, armado e lampassado de vermelho, nascente de uma capela de silvas de sua cor.
Com efeito, os Silveiras dos barões de Alvito não entroncam com o dito Gonçalo Vasques, mas parecem ter tomado o nome de Silveira, na Estremadura.
Nenhum comentário:
Postar um comentário