O Tesouro de nobreza é um armorial geral de Portugal e suas conquistas em 1675, fruto da dedicação de Francisco Coelho ao seu ofício.
Na postagem de 08/11/21, eu disse que não pretendia divulgar aqui os dois armoriais oficiais que se seguiram àqueles do século XVI: o Tesouro de nobreza (1675), de Francisco Coelho, e o Tesouro da nobreza de Portugal (1783), de Frei Manuel de Santo Antônio e Silva. A razão é a escassez de qualidade estética. Mantenho esse juízo: em ambos, os traços são grosseiros; as proporções, descuidadas; os animais, infantis. Contudo, a leitura de outras obras do século XVII levou-me a mudar de parecer quanto ao armorial de Coelho, que passo, pois, a editar, anotar e estudar.
Folha de rosto: Tombo das armas dos reis e titulares e de todas as famílias nobres do Reino de Portugal, intitulado com o nome de Tesouro de Nobreza. Por Francisco Coelho, Rei de Armas Índia. |
Em especial, ao ler o Códice 21-F-15, conservado igualmente no Arquivo Nacional da Torre do Tombo, percebi que contém grande parte da continuação do Tesouro, "em que se declaram por letra as armas com os vocábulos e nomes próprios da armaria, cada família e brasão em seu título, donde se vem suas antiguidades, origens e solares e se faz memória de alguns varões mais ilustres e antigos delas e que bem serviram aos senhores reis passados de Portugal na defensão e aumento do Reino e suas conquistas", segundo se lê no prólogo desse armorial. Tendo, pois, ficado no Cartório da Nobreza, o dito códice recebeu uma anotação que assegura o conhecimento da sua autoria:
Famílias de Portugal e suas armas, origem e descendência e se mostra os grandes serviços que fizeram a este Reino e a grande mercê com que foram remunerados. Esta coleção fez Francisco Coelho Mendes, Rei de Armas Índia, que foi autor das Advertências sobre os descuidos que o autor do livro intitulado Nobiliarquia portuguesa imprimiu em Lisboa. É de Pedro de Sousa, Rei de Armas Portugal, em 29 de setembro de 1758.
Isto muda tudo, porque torna o trabalho de Coelho o mais antigo que trata o conjunto das armas gentilícias abarcando as duas modalidades da heráldica, visual e verbal, já que nos armoriais manuelinos somente se veem os brasões e na Beneditina lusitana (1651), de Frei Leão de Santo Tomás, e na Nobiliarquia portuguesa (1676), de Antônio de Vilas Boas e Sampaio, somente se leem os brasonamentos. Mais que isto: à medida que eu avançava em Famílias de Portugal, ficou cada vez mais claro que se trata de um texto traduzido do espanhol. Mas quem antes de Coelho escreveu nessa língua sobre a armaria portuguesa?
Em 1632, o padre Antônio Soares de Albergaria publicou os Troféus lusitanos, onde dá as armas da realeza e nobreza titulada. Nesse livro estão evidentes as dificuldades técnicas que afrontava: o padre Silvester de Petra Sancta ainda não tinha inventado o sistema de hachuras, de modo que se imprimiram os desenhos dos brasões indicando-se os esmaltes por letras. Somando-se a isso o custo de edição, entende-se por que os Triunfos de la nobleza lusitana y origen de sus blasones, que o autor datou de 1631, ficaram manuscritos (Códice 1119, conservado na Biblioteca Nacional de Portugal). No prólogo daquela obra, declara que ela se reduzia a uma mostra de um projeto maior. Por ela, esperava ganhar reconhecimento e patrocínio para acabar esse projeto:
Mas o tempo entrega ao esquecimento cousas que deviam ser lembradas, que foi o de que se queixou Ovídio, quando disse "Tempus edax rerum tuque invidiosa vetustas omnia destruis" ["O tempo é um devorador das coisas e tu, invejosa velhice, destróis tudo"], donde nasce a pouca notícia que há de algumas armas, dos feitos por que se mereceram, da propriedade, partes e forma dos escudos, me dispus, não reparando em trabalhos grandes e gastos excessivos, obrigado só do amor da pátria, "ratione valentior omni" ["mais potente que qualquer razão"], a descobrir e apurar todas estas cousas, como se verá, Deo favente, em um livro donde trato de quatrocentas famílias deste Reino, que tenho acabado e intitulo Triunfos da nobreza lusitana e origem de seus brasões, que já tivera dado a estampa, porém nenhuma cousa se começa bem se não é, depois de Deus, de algum grande príncipe favorecida.
Daí o uso do castelhano: no prólogo dos Triunfos, justifica-se "por ser lenguaje tan general y corriente en toda España y fuera della" ("por ser linguagem tão geral e corrente em toda a Espanha e fora dela"), mas a verdade é que, estando a Corte em Madrid, convinha empregar o idioma do rei para buscar o seu favor. Mesmo que nunca o tenha obtido, Albergaria teve sucesso por intermédio dos pósteros, pois além de ter traduzido parcialmente os Triunfos, Coelho também se valeu de um caderno em que o padre esboçava os seus estudos de armaria, conservado hoje na Biblioteca Nacional de Portugal (Códice 1118) (1). O seu conteúdo demonstra que ele estudou os armoriais quinhentistas e pesquisou outras fontes, como expõe no prólogo dos Triunfos:
Copié con mil inconvenientes el libro de aquel archivo [Torre do Tombo] en que se ven solamente los escudos de la nobleza pintados. Y llegando a mis manos otro más copioso del Infante Don Duarte, hice lo mismo, alcanzando también de particulares más de ochenta cuadernos manuscritos e iluminados, en que noté diversos errores. Y era tanto el gusto que tenía en descubrir alguna tradición tocante a este tema que lo estimaba cual joya preciosa. Y al fin, considerando la necesidad que este Reino tenía de tal libro, como todos los reinos tienen, me resolví inquirir razones de armería, recoger antigüedades y letreros de sepulturas e investigar los solares de las casas nobles, valiéndome de algunas fundamentales tradiciones, continuadas de padres a hijos. (2)
O guardado no Arquivo do Reino é o Livro da nobreza e perfeição das armas (1512-41), de Antônio Godinho, e o que pertenceu a Dom Duarte, quinto duque de Guimarães, reproduz o Livro do Armeiro-Mor (1509), de João do Cró. Como não se conhece de que modo era feito o Livro Antigo dos Reis de Armas, cumpre creditar a Albergaria três grandes avanços: o brasonamento das armas coligidas nessas obras de uma maneira fácil de consultar, até então disperso pelas cartas de mercê e nos seus registros; a vinculação da heráldica com a literatura genealógica (3); e, graças ao afã de ir além, a ampliação do rol de armas, abrangendo as muitas que os trabalhos daqueles armistas não alcançaram. Com efeito, esta análise confere uma perspectiva histórica da armaria portuguesa cuja culminância é, precisamente, o Tesouro da nobreza de Portugal, onde se veem os brasões iluminados e se leem os brasonamentos em meio a sínteses genealógicas.
Em particular, o esforço de explicar cada brasão à luz da visão vigente, segundo a qual foi ganho por alguma façanha, engendrou fantasias mirabolantes. Assim, as arruelas azuis dos Castros lhes teriam sido dadas pelos godos, significando o mundo que almejavam conquistar e em número de seis por ser este perfeito, e os Pereiras seriam descendentes do imperador Constantino, quem teria visto uma cruz no céu, como Rodrigo Froilaz, tronco dessa geração, na Batalha de Las Navas de Tolosa. Sem dúvida, é um fenômeno interessante pela engenhosidade, mas por enquanto o ponho de lado. (4)
Aqui o que me interessa é entender como Coelho fez o Tesouro, especialmente porque antes de pintar aí as armas, ele brasonou a maioria delas ao traduzir os Triunfos. Isso propicia o exame da articulação entre o verbal e o visual, o que implica as suas características naquele momento, ao findar o terceiro quartel do século XVII. Além disso, o trabalho do rei de armas Índia é, em grande medida, uma reação à decadência da sua corporação, em meio à qual autores como Albergaria e Sampaio escreviam e imprimiam livros sobre heráldica (5). Contra este, Coelho chegou até mesmo a polemizar, publicando as Advertências feitas ao livro Nobiliarquia portuguesa no que toca às armas das famílias (6), onde critica o que se diz sobre cada linhagem da letra A, sempre prometendo um tratamento cabal da matéria no futuro Tesouro de nobreza. Contudo, nenhum oficial de armas jamais conseguiu levar obra sua ao prelo em Portugal. Assim, impõe-se discernir o que é cada trabalho.
O códice que o rei de armas Pedro de Sousa intitulou Famílias de Portugal e suas armas, origem e descendência é um rascunho, tanto que contém muitos barbarismos e erros de tradução. E como eu já disse, nele Coelho traduziu a maior parte dos Triunfos; faltam os capítulos do I ao XVIII, que versam sobre a história do mundo e da península até a fundação de Portugal, e o apêndice, onde Albergaria, aparentemente depois de ter acabado o manuscrito, apontou sumariamente linhagens sobre as quais pouco sabia.
O Tesouro, cujo título longo é Tombo das armas dos reis e titulares e de todas as famílias nobres do Reino de Portugal, é um armorial completo. Talvez Coelho tenha sido infeliz ao começar pela parte mais difícil de imprimir, imensamente difícil. Diferentemente dos congêneres manuelinos, que foram concebidos para usos privados, o Tesouro claramente se destinava a um público:
É este livro a primeira parte deste nobiliário, intitulado Tesouro de Nobreza do Reino de Portugal, donde estão lançados como em tesouro e se vem iluminadas com os metais e cores que lhes pertencem as armas dos grandes do Reino e de suas nobres famílias, apuradas e verificadas com grande trabalho e diligência. E me persuado se deve dar cada nobre por satisfeito com as que achar neste livro de suas linhagens, sem lhe ser necessário mais especulação, pois a fiz muito grande em cada um dos escudos e brasões das famílias.
Porém, é evidente que Coelho não tinha talento para desenhar as estampas de um armorial impresso e mesmo se tivesse, pergunto-me se em Portugal havia artífices e ferramentas para tamanha empreita, quanto custaria e quem a bancaria.
Na verdade, mesmo a feitura do manuscrito deixa ver decisões não muito boas, como pôr doze escudos numa folha de 480 × 350 mm. Para se ter uma ideia, Godinho fez quatro numa de 430 × 320 mm. Em heráldica, a qualidade sofre com a diminuição, daí a supressão dos elmos e paquifes. Uma perda sob qualquer aspecto, um tanto compensada pelo uso de um só lado do pergaminho. (7)
Ao todo, o Tesouro colige 778 brasões de muito diversa natureza:
Fólio 1: Armas dos Doze Tribos de Israel
Fólio 2: Armas dos Nove da Fama
Fólios 2–3: Armas e insígnias dos romanos
Fólios 3–6: Armas de vários reinos
Fólios 6–7: Armas de alguns senhores potentados
Fólios 7–8: Armas dos sete Eleitores do Império
Fólios 9–10: Armas das ordens militares e religiões regulares de Portugal
Fólio 10: Armas de algumas cidades das conquistas de Portugal
Fólio 11: Armas das cidades de Portugal
Fólios 12–18: Armas das vilas de Portugal que têm lugar em Cortes
Fólios 19–20: Armas dos Reis de Portugal
Fólios 21–22: Armas das Rainhas de Portugal
Fólio 23: Armas dos Duques e Marqueses de Portugal
Fólios 24–26: Armas dos Condes de Portugal
Fólios 27–66: Armas das famílias
Nem sempre o conteúdo de cada capítulo se enquadra no espaço planejado. Assim, às armas dos eleitores do Império seguem-se as do próprio imperador, as dos reis de Jerusalém, França, Portugal, Inglaterra e Aragão e as imaginárias da Índia Menor e Índia Maior; as armas da Ordem Cartuxa ficaram no capítulo das conquistas; as armas de Lisboa, no dos reis e este mesmo se conclui com as do príncipe e as dos duques de Bragança e Aveiro, tal como o capítulo das rainhas com as da princesa, dos infantes e das infantas. A meu ver, pormenores como estes fragilizam o trabalho de Coelho, porque um armorial não era uma mera coleção de brasões, mas também refletia a ordem do mundo, de modo que ao pospor as armas do imperador às dos eleitores, essa ordem fica subvertida. Não só isso.
Alguns brasões provam que Coelho usou os Triunfos na facção do Tesouro. Por exemplo, as armas dos Meneses são de ouro liso nos armoriais manuelinos; depois se inventou uma sombra de anel com um rubi no campo, que Albergaria brasona assim: "un escudo de oro y en él una como torta, con una sortija cuasi encubierta con un rubí". Coelho o traduziu literalmente — "escudo de ouro e nele ũa torta com um anel quase encoberto com um rubi" —, mas não entendeu que a palavra torta quiçá refira a uma arruela (tourteau em francês), já que de fato desenhou uma torta. Outros casos análogos são as armas dos Gusmães da Casa de Flores, Guevaras, Garceses de Afonso Garcês e Martins de Diogo Martins.
Todavia, um número grande de brasões no Tesouro diverge dos Triunfos e de outros antecessores sem nenhuma razão aparente. Alguns casos parecem mera incúria, como a inversão dos esmaltes nas armas dos Gamas à folha 33, corretos às folhas 23 e 26. Outros são difíceis de perscrutar, como os castelos dos Mouras, pintados de prata, em vez de ouro. Ao todo, somam-se 87 destes casos, ao passo que do contrário, isto é, o Tesouro converge com outras obras onde são os Triunfos que divergem, há 56. Ocorrem, ainda, convergência nas armas e divergência no timbre ou vice-versa em nove brasões. A divergência de ambos, Albergaria e Coelho, é muito menos numerosa: apenas quatro. (7)
Ademais, dos Triunfos ao Tesouro transcorreram 44 anos, durante os quais Portugal restaurou a sua independência. Assim, a Casa de Bragança já não era a mais nobre do Reino, mas sim a dinastia reinante; muitos títulos tinham-se extinto e outros tantos sido criados durante a guerra contra a Espanha; e a famigerada Nobiliarquia efetivamente contribuiu com a ampliação do rol das armas gentilícias, donde Coelho deve ter colhido ao menos nove brasões que não se acham nos Triunfos, aos quais acrescentou treze que escaparam a Sampaio. (8)
Para adequá-lo ao blog, dividi o Tesouro em trinta partes, procurando seguir os capítulos até as armas das famílias, que darei de três em três fólios. Isso soma 36 brasões gentilícios por postagem, o que é muito, mas acho razoável à vista da extensão de toda a série. Eis o plano:
I – Esta introduçãoConvém lembrar que nos armoriais manuelinos a ordem dos brasões combina a proximidade à Casa Real e a antiguidade. À medida que o conhecimento das linhagens armoriadas aumentava, isso se tornou impraticável, o que Albergaria e Sampaio perceberam, daí a adoção da ordem alfabética nos Triunfos e na Nobiliarquia. Coelho, porém, tomou a péssima decisão de os ordenar "assi como vinha à memória", ou seja, aleatoriamente, o que dificulta sobremaneira a consulta. Como julgo suficientes o conteúdo desta introdução e os recursos eletrônicos de busca, omito o índice que ele elaborou para facilitar essa operação (fls. IV–IX).
II – Prólogo
III – Armas das doze tribos de Israel
IV – Armas dos Nove da Fama e insígnias dos romanos
V – Armas de vários reinos
VI – Armas de alguns senhores potentados e dos sete eleitores do Império
VII – Armas das ordens militares e religiosas
VIII – Armas das conquistas de Portugal
IX – Armas das cidades de Portugal
X – Armas das vilas de Portugal que tinham assento nas Cortes
XI – Armas dos reis de Portugal
XII – Armas do príncipe de Portugal e dos duques de Bragança e Aveiro
XIII – Armas das rainhas de Portugal
XIV – Armas dos infantes e das infantas de Portugal
XV – Armas dos duques e marqueses de Portugal
XVI – Armas dos condes de Portugal
XVII – Armas das famílias (I): Casa de Bragança, Casa de Vila Real, Ataíde, Portugal, Faro, Vasconcelos dos condes de Penela, Meneses dos condes da Tarouca, Noronha, Eça, Pereira, Castro de treze arruelas, Coutinho, Castro, Almeida, Albergaria, Melo, Távora, Azevedo, Sousa, Henriques, Mendonça, Almada e Abranches, Castelo Branco, Albuquerque, Sousa Chichorro, Manuel e Vilhena, César, Pimentel, Coronel, Correão, Gusmão da Casa de Flores, Beliago, Correia, Mexia, Fragoso e Delgado (fls. 27, 28 e 29)
XVIII – Armas das famílias (II): Lacerda, Gusmão, Manrique, Carneiro, Lara, Guevara, Andrade e Freire, Arrais, Haro, Tovar, Fajardo, Figueiredo, Moniz, Lobo, Ribeiro, Silva, Moura e Rolim, Guedes, Abreu, Sá, Brito, Baião e Resende, Lemos, Silveira, Falcão, Goios e Gaio, Fogaça, Borges, Sampaio, Malafaia, Barboso, Costa, Tavares, Sequeira, Miranda e Aboim (fls. 30, 31 e 32)
XIX – Armas das famílias (III): Queirós, Guivar, Coelho, Sem, Gama, Rabelo, Fonseca, Valente, Gama de Vasco da Gama, Ferreira, Boto, Lobato, Cerveira, Veiga, Cabral, Aguiar, Faria, Pacheco, Barreto, Arca, Soutomaior, Serpa e Serpe, Nogueira, Pinto, Barbato, Gouveia, Godinho, Aranha, Atouguia, Jácome, Botilher, Serrão, Gago, Maia, Pedroso e Alcáçova (fls. 33, 34 e 35)
XX – Armas das famílias (IV): Temudo, Horta, Abul, Garcês de Afonso Garcês, Rolão, Xira e Belxira, Guimarães de Pedro Lourenço, Ornelas, Pina, Matos, Cerqueira, Leme, Seixas, Pau, Durmus e Escórcio, Amaral de Pedro Rodrigues, Câmara, Frazão, Alcoforado, Antas ou Dantas, Teive, Ulveira, Peixoto, Barradas, Teixeira, Bastos e Bairros e Barreiros, Pessanha, Pedrosa, Mascarenhas, Marinho, Bethencourt, Maldonado e Aldana, Velho, Meira, Segurado e Góis (fls. 36, 37 e 38)
XXI – Armas das famílias (V): Caldeira, Barbedo, Gorizo, Tinoco, Beja, Barbuda, Lazerdo e Lazardo, Galvão, Valadares, Bulhão, Nóbrega, Barbosa, Amado, Barros, Camelo, Salema, Gramacho, Fagundes, Leitão, Morais, Monteiro, Caminha, Macedo, Pinheiro, Brandão, Avelar, Araújo, Cunha, Corte Real, Cardoso, Machado, Lima, Vasconcelos, Vila Lobos e Osório, Freitas e Amaral (fls. 39, 39 bis e 40)
XXII – Armas das famílias (VI): Paiva, Taborda, Fuseiro, Mesquita, Saldanha, Carvalhosa de Palhavã, Lago, Camões, Torres, Perestrelo, Encerra-Bodes, Moutinho, Gomide e Agomia, Moreira, Sodré, Saraiva, Carrasco, Alardo, Sardinha, Cáceres, Rego, Frota, Mariz, Taveira, Filipe, Homem, Vieira, Felgueira, Evangelho, Cotrim, Lordelo, Carvoeiro, Rocha, Calheiros, Gato e Gatacho, Cordeiro e Borreco (fls. 41, 42 e 43)
XXIII – Armas das famílias (VII): Barroso, Carvalho, Vale, Oliveira, Lobeira, Garcês, Lobia, Portocarreiro, Bandeira, Campos, Privado, Fróis, Varejola e Barregão, Pina de Aragão e Carreiro, Pestana, Teles e Telo, Meneses, Carregueiro, Botelho, Carrilho, Reinel e Reinoso, Fazenda, Chacim e Pechim, La Torre, Sacoto de Gonçalo Mendes, Couto, Bicudo, Lousada, Reimondo, Santarém, Ourém, Vaz de Martim Vaz, Trigueiros, Couceiro, Andrada e Baarém (fls. 44, 45 e 46)
XXIV – Armas das famílias (VIII): Frade, Frielas e Fialho, Gamboa e Caiado, Gavião, Imperial, Leite, Porras, Pantoja, Puga, Perdigão, Sepúlveda, Pega, Alpoim, Bacelar, Novais, Maciel, Neto, Mouzinho, Pessoa, Madeira e Medeiros, Ortiz, Magalhães, Paim e Unha, Canto, Montarroio, Zuzarte, Zagalo, Quadros, Riba Fria, Pavia, Raposo, Simões, França, Sande, Azeredo e Toscano (fls. 47, 48 e 49)
XXV – Armas das famílias (IX): Figueiroa, Farinha, Barba, Severim, Casal, Travaços, Varela, Calça, Quintal, Pimenta, Veloso, Mota, Loronha, Camelo de Lopo Rodrigues, Maracote, Búzios, Calvo, Menelau, Coelho de Duarte Coelho, Botafogo, Alfaro, Covas e Covos, Godins, Garcia de Gondim, Feio, Bezerra, Beça, Lanções e Lança, Barriga, Cão, Cabeça, Canelas, Sobrinho, Seabra, Loureiro e Rangel (fls. 50, 51 e 52)
XXVI – Armas das famílias (X): Alvarenga, Arnau, Barbudo, Botado, Curvo e Corvacho e Corvo, Cordovil, Castilho, Cogominho e Chaves, Carvalhal, Drago, Escovar, Esteves, Mendanha, Garro, Esparragosa, Alvernaz, Azinhal e Azinheiro, Altero, Badajoz, Alvo, Sernige, Picanço, Cavaleiro, Vila Nova de Pedro de Vila Nova, Bocarro, Torneio, Baleato, Brandão de Duarte Brandão, Pinheiro de Andrade, Aragão, Áustria de André Rodrigues, Bermudes, Colaço, Caldas, Trancoso e rei do Congo (fls. 53, 54 e 55)
XXVII – Armas das famílias (XI): Proença, Galhardo, Tourinho, Pegado, Cirne, Barbança, Arco, Boteto, Refoios, Preto, Castanheira, Rodrigues de Martim Rodrigues, Outiz, Revaldo, Serra, Lúcio, Nobre, Afonso de Jorge Afonso, Varejão, Dutra, Tição, Guerreiro, Alarcão, Figueiredo de João de Figueiredo, Couro, Botafogo, Pó, Azinhal, Espíndola, Soares de Toledo, Contreiras, Pacheco de Duarte Pacheco, Grã, Tibau, Coelho de Nicolau Coelho e Patalim (fls. 56, 57 e 58)
XXVIII – Armas das famílias (XII): Leal, Berredo e Revoredo, Pita, Amorim, Castro do Rio, Fafes, Mina, Corelha, Mata, Gançoso, Lagarto, Oliva, Giraldes de Florença, Lira e Leis e Lis, Bravo, Viveiros, Anhaia, Cisneiros, Mendes de Tânger, Vinhal, Landim, Girão, Padilha, Gonçalves de Antão Gonçalves, Azambuja, Matela, Leão, Vilhegas, Cacena, Catela e Cacela e Calaça, Bembo, Madureira, Cabedo, Cide de Vivar, Colaço de João Álvares e Lopes (fls. 59, 60 e 61)
XXIX – Armas das famílias (XIII): Lucena, Feio, Ferrão e Ferraz, Vargas, Vilas Boas, Vila Nova, Vogado, Salazar, Negreiros, Ávila, La Peña, Salgado, Alvelos, Velês, Bringel, Chanoca, Limpo, Ribeira, Salvago, Pais, Paços, Tenreiro, Martins de Diogo Martins, Rios das Astúrias, Fidalgo e Dias, Regras, Mega, Figueiroa e Figueira, Vaz de Martim Vaz, Castanho, Carvalhal Benfeito, Cárcamo, Moniz de Lusinhão, Magriço, Borralho e Ramires (fls. 62, 63 e 64)
XXX – Armas das famílias (XIV): Gusmão, Seco, Brito de Nicote, Arrais de Mendonça, Mergulhão, Cota, Meireles, Vidal e Vide, Souto, Braga, Leal, Baldaia, Sanches, Salter, Franco e Romeiro (fls. 65 e 66)
Epílogo – Apontamentos sobre a linguagem heráldica no Códice 21-F-15.
Os capítulos até as armas das famílias abordo, sempre que possível, de uma perspectiva genética, aduzindo as fontes das quais Coelho tirou os brasões ou o que dizem sobre eles. Depois, de cada brasão dou a descrição traduzida dos Triunfos e, se houver, o ordenamento originário no caso das mercês novas e certificações. No entanto, das linhagens que constam no apêndice dos Triunfos Coelho não traduziu os brasonamentos, então dou o texto original em espanhol (10). Seja como for, se a iluminura apresenta alguma divergência, assinalo-a, seja tachando o que se subtraiu seja dizendo em negro o que se adicionou ou mesmo apondo um comentário. A propósito, tudo que não é meu e está em português pinto de azul e o que está em espanhol, de vermelho, como aqui já se constata.
Enfim, as palavras converge e diverge querem dizer que o autor converge ou diverge dos antecessores, especialmente do Livro da nobreza e perfeição das armas. Mas cabe ressalvar alguns aspectos estilísticos: Albergaria abusa dos termos armado, com o qual refere não só ao esmalte diferente das unhas dos animais, mas também da língua e, no caso das aves, do bico, e roquete, que aplica igualmente a três objetos enfeixados; além disso, prefere o galicismo torteao a roel (11); enfim, quando não se declara o esmalte, normalmente se subentende que a figura tem a sua cor própria. Coelho vai além: via de regra, é assim que pinta as partes do corpo humano, os acidentes naturais e as árvores. Estas amiúde firma na ponta do escudo, como também os edifícios. Na linguagem, segue Albergaria ao pé da letra, tanto que vacila ao traduzir jaquel e jaquelado: normalmente copia o padre, mas às vezes opta pela forma xaquetado. (12)
Para mim, o maior mérito de Coelho é a sua ambição: tendo ido muito além da jurisdição do Juízo da Nobreza (a heráldica gentilícia), o Tesouro é verdadeiramente um armorial geral do Reino de Portugal e suas conquistas em 1675/78. No entanto, quiçá pelo desgosto de nunca ter podido divulgar amplamente o seu trabalho, ele o deixou à Abadia de Alcobaça e na livraria do mosteiro permaneceu até o fim do Antigo Regime (13). Por conseguinte, o Tesouro pouco influiu no andamento sucessivo da armaria portuguesa. Entrado na Torre do Tombo, tem servido a estudos da matéria, como este.
(1) No Códice BNP 1118, percebem-se letras de várias mãos, mas somente um exame grafotécnico identificará o que é do primeiro proprietário e o que é de outrem, porque algumas coisas foram escritas com bastante cuidado, enquanto outras foram anotadas numa cursiva apressada.
(6) Esse opúsculo deve ter circulado em cópias manuscritas. Foi editado por Antônio Caetano de Sousa nas Provas da História genealógica da Casa Real portuguesa (tomo VI, 1748).
(7) O uso dos dois lados do pergaminho pode gerar sombras, causadas pela infiltração da tinta, que afetam em maior ou menor medida a visibilidade ou legibilidade, como acontece no Livro da nobreza e perfeição das armas.
(9) Na ordem em que aparecem no Tesouro, não se acham nos Triunfos as armas das linhagens seguintes: Frazão, Amado, Reinel e Reinoso, Fazenda, Contreiras, Colaço de João Álvares, Paços, Carvalhal Benfeito e Magriço. Nem se acham nos Triunfos nem na Nobiliarquia as armas das linhagens seguintes: Manrique, Haro, Pimenta, Vila Nova de Pedro de Vila Nova, Colaço, rei do Congo, Nobre, Tição, Guerreiro, Botafogo, Salter, Franco e Romeiro.
(10) Na ordem em que aparecem no Tesouro, as linhagens seguintes receberam mercê nova ou certificação: César, Boto, Alcáçova, Amaral de Pedro Rodrigues, Câmara, Caminha, Cáceres, Garcês de João Garcês, Bandeira, Campos, Sacoto de Gonçalo Mendes, Couto, Frade, Montarroio, Riba Fria, Simões, Farinha, Loronha, Camelo, Menelau, Coelho de Duarte Coelho, Barriga, Cão, Loureiro, Esteves, Garro, Esparragosa, Vila Nova, Arco, Figueiredo de João de Figueiredo, Azambujal, Pita, Castro do Rio, Mata, Oliva, Mendes de Tânger, Lopes, Martins e Carvalhal Benfeito. Acham-se brasonadas no apêndice dos Triunfos as armas das linhagens seguintes: Rolão, Gomide, Filipe, Lobia, Santarém, Vaz de Martim Vaz, Andrada, Búzios, Bocarro, Torneio, Baleato, Caldas, Serra, Afonso de Jorge Afonso, Varejão, Amorim, Gonçalves, Madureira, Cabedo, Cide de Vivar, Salgado, Fidalgo, Regras, Mega, Vaz de Martim Vaz, Borralho, Ramires, Brito de Nicote, Mergulhão, Cota, Vidal, Souto e Sanches.
Nenhum comentário:
Postar um comentário