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28/09/23

BANDEIRAS DE CORES HERÁLDICAS: BÉLGICA

As cores heráldicas mostraram-se muito úteis às revoluções de independência.

Bandeira da Bélgica.
Bandeira da Bélgica.

Após a Revolução Francesa, a bandeira de cores heráldicas ajustou-se muito bem a nacionalidades em construção que se identificavam fortemente com certo brasão. Assim, na revolta contra o reino de Guilherme I em 1830, a Guarda Burguesa de Bruxelas assumiu uma bandeira de três faixas horizontais, vermelha, amarela e preta. Estas são as cores das armas brabançonas: de negro com um leão de ouro, armado e lampassado de vermelho.

O duque de Brabante no Armorial de l'Europe et de la Toison d'or (Bibliothèque de l'Arsenal, ms. 4790, fol. 11r).
O duque de Brabante no Armorial de l'Europe et de la Toison d'or (Bibliothèque de l'Arsenal, ms. 4790, fol. 11r).

Com efeito, o ducado de Brabante era o senhorio mais extenso dos Países Baixos antes da secessão da porção setentrional, depois Províncias Unidas, e a cidade de Bruxelas era não só a sua corte, mas servia de capital ao conjunto dos Países Baixos católicos, antes e depois da dita secessão. Era, enfim, o título neerlandês de maior precedência para o soberano dessas terras.

Assim, o governo provisório que se formou e declarou a independência da Bélgica em outubro de 1830 adotou a tricolor vermelha, amarela e preta, mas em janeiro de 1831 a mudou da horizontal para a vertical e em fevereiro a fez constar dessa forma na Constituição (art. 193). Outra vez, operou a necessidade de contraste, no caso da bandeira neerlandesa, que representava o estado do qual a Bélgica se estava separando. Em outubro, quando a monarquia constitucional já funcionava sob Leopoldo I, reordenaram-se as cores: preto no lado da tralha, amarelo no meio e vermelho no lado do batente. Curiosamente, o dispositivo constitucional nunca foi revisto.

Pequeno selo do estado belga (desenho usado pela Corte Constitucional, disponível na Wikimedia Commons).
Pequeno selo do estado belga (desenho usado pela Corte Constitucional, disponível na Wikimedia Commons).

Na verdade, a Bélgica tem a particularidade de guardar a legislação que criou os seus símbolos nacionais. Sobre o brasão, a Constituição diz apenas que é o "leão bélgico" com a divisa L'union fait la force (1). O Decreto Real de 17 de março de 1837 estabeleceu o grande e o pequeno selos do estado, os quais contêm as armas do reino. Estas são as armas do ducado de Brabante com ornamentos externos novos. No grande selo o escudo está timbrado por elmo, paquife e coroa real; o colar da Ordem de Leopoldo fica em volta do escudo e, sob ele, a mão de justiça e o cetro decussados; por suportes, dois leões aleopardados ao natural, cada um empunhando uma bandeira nacional; tudo sob um pavilhão de vermelho, forrado de arminho, com a coroa no topo, detrás e acima do qual aparece um gonfalão das cores nacionais com o escudo brabanção, entre as bandeiras das armas das oito províncias belgas originais; a divisa é a citada. No pequeno selo, os ornamentos reduzem-se à coroa real, ao colar, à mão de justiça, ao cetro e à divisa.

Armas reais da Bélgica (imagem disponível no Moniteur belge/Belgisch Staatsblad).
Armas reais da Bélgica (imagem disponível no Moniteur belge/Belgisch Staatsblad).

Em contrapartida, as armas reais sofreram alguma modificação sempre que a sensibilidade nacional em relação à origem alemã da dinastia mudou. A mais recente e vigente foi determinada por um decreto real em 2019, pelo qual se repôs o escudete saxão sobre o leão.

Pavilhão de guerra da Bélgica.
Pavilhão de guerra da Bélgica.

Além disso, em 1936 a Bélgica adotou diferentes pavilhões para as embarcações do estado e aquelas inscritas em associações navais, consistentes no pavilhão nacional com o acréscimo de certas figuras, mas chama a atenção o criado especialmente para a marinha de guerra em 1950: branco com uma aspa das cores nacionais, o preto aos lados, o amarelo no meio e o vermelho em cima e em baixo, cantonada em cima de dois canhões decussados, encimados da coroa real, e em baixo de uma âncora, tudo preto.

Nota:
(1) Eendracht maakt macht em neerlandês. Quer dizer 'A união faz a força'.

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