Séries de postagens

23/10/21

O LIVRO DA NOBREZA E PERFEIÇÃO DAS ARMAS (XI)

Armas das casas de Azinhal, Paim, Porras, Viveiro, Frazão, Teive, Alcoforado, Homem, Dantas, Godins, Barradas, Leitão, Varejola, Mina, Vila Nova e Barba Longa.

Os brasões a seguir não são de "famílias". Por exemplo, as armas dos Almeidas não são da "família Almeida". Pertencem, na verdade, a uma linhagem, neste caso à geração de Fernando Álvares de Almeida, alcaide-mor de Abrantes (1400), avô de Dom Lopo de Almeida, primeiro conde de Abrantes (1476). É por isso que o armorial nomeia a linhagem e especifica: "chefe". Esse chefe é o varão mais velho: só ele faz jus ao uso das armas direitas, cabendo aos cadetes diferençá-las. Assim, quando a varonia da casa de Abrantes se quebrou em 1633, as armas direitas dos Almeidas passaram ao primeiro conde de Avintes (1664), descendente de Dom Diogo de Almeida, prior do Crato e segundo filho de Dom Lopo de Almeida. Essas armas pertencem, portanto, ao pretendente à chefia da casa de Avintes. Contudo, é forçoso reconhecer que durante a maior parte da sua vigência só na aparência o sistema heráldico português funcionou com base em provas genealógicas, pois na realidade prevalecia a condescendência com a homofonia dos sobrenomes. Para detalhamentos, leiam-se as postagens sobre a heráldica gentilícia luso-brasileira.

Do Livro da nobreza e perfeição das armas (séc. XVI):

25r: Azinhal, chefe; Paim, chefe; Porras, chefe; Viveiro, chefe.
25r: Azinhal, chefe; Paim, chefe; Porras, chefe; Viveiro, chefe.

Azinhal, chefe: Esquartelado, o primeiro e quarto de prata com uma árvore de verde; o segundo e terceiro de ouro com cinco estrelas de oito raios de vermelho. Timbre: A árvore.

Paim, chefe: Franchado de prata e negro com um leão entrecambado, armado e lampassado de vermelho. Timbre: Um leão de negro, armado e lampassado de vermelho.

Porras, chefe: De ouro com cinco maças de armas de azul e uma bordadura de vermelho, semeada de flores de lis de prata. Timbre: Uma flor de lis de prata entre duas das maças, passadas em aspa.

Viveiro, chefe: Esquartelado, o primeiro e quarto de ouro com dois ramos de urtiga de verde, passados em aspa e plantados num monte de três cômoros de sua cor, firmado num pé ondado de prata e azul; o segundo e terceiro de azul com duas caldeiras xadrezadas de prata e vermelho, das quais saem quatro cabeças de serpes do mesmo, e uma bordadura de prata, carregada de mosquetas de negro. Timbre: Os dois ramos de urtiga.

Fólio 25v: Frazão, chefe; Teive, chefe; Alcoforado, chefe; Homem, chefe.
Fólio 25v: Farzão, chefe; Teive, chefe; Alcoforado, chefe; Homem, chefe.

Frazão, chefe: De vermelho com uma asna de prata, acompanhada de três flores de lis de ouro. Timbre: Uma das flores de lis entre as pernas de uma asna de vermelho.

Teive, chefe: Esquartelado, o primeiro e quarto de ouro com seis arruelas de vermelho; o segundo e terceiro de prata com três mosquetas de negro, alinhadas em faixa. Timbre: Um leopardo partido de ouro e arminho.

Alcoforado, chefe: Xadrezado de prata e azul de seis peças em faixa e sete em pala. Timbre: Uma águia de azul, a asa direita xadrezada de prata e azul.

Homem, chefe: De azul com seis crescentes de ouro. Timbre: Um leão de azul, armado de ouro, segurando com as suas patas uma alabarda de sua cor, hasteada de ouro.

Fólio 26r: Dantas, chefe; Godins, chefe; Barradas, chefe; Leitão, chefe.
Fólio 26r: Dantas, chefe; Godinz, chefe; Barradas, chefe; Leitão, chefe.

Dantas, chefe: De vermelho com seis lisonjas de azul, perfiladas de ouro, postas em cruz latina e unidas. Timbre: Uma anta de sua cor. (1)

Godins, chefe: Xadrezado de prata e ouro de cinco peças em faixa e seis em pala. Timbre: Um voo de águia de prata.

Barradas, chefe: De azul com uma cruz de prata, cantonada de vinte vieiras de vermelho, realçadas de ouro. Timbre: Dois galhos nodosos de ouro, passados em aspa, dos quais pendem cinco das vieiras.

Leitão, chefe: De prata com três faixas de vermelho. Timbre: Um leitão passante de prata, carregado de uma faixa de vermelho.

Fólio 26v: Varejola, chefe; Minas, chefe; Vila Nova, chefe; Barba Longa, chefe.
Fólio 26v: Barejola, chefe; Minas, chefe; Vila Nova, chefe; Barba Longa, chefe.

Varejola, chefe: De verde com quatro lisonjas alinhadas em pala, unidas e firmadas, ladeadas de seis flores de lis, tudo de ouro. Timbre: Onze lisonjas de ouro, postas em aspa e unidas, rematadas por uma flor de lis de verde.

Minas, chefe: De prata com três cabeças de negro ao natural, com brincos, argola e colar de ouro. Timbre: Uma das cabeças de negro.

Vila Nova, chefe: Esquartelado, o primeiro e quarto de vermelho com três flores de lis de ouro; o segundo e terceiro de verde com uma águia de ouro, realçada de vermelho, segurando um listel de prata com o bico. Timbre: As figuras do segundo.

Barba Longa, chefe: De prata com uma cruz florenciada de negro, vazia do campo, encerrada numa coroa de hera de verde, posta em orla. Timbre: Um mouro sainte de sua cor, vestido de verde e fotado de prata.

Nota:
(1) A forma originária desse sobrenome é Antas e tem origem toponímica, daí a preposição, de Antas, cuja contração, d'Antas, deu a forma Dantas. No Velho Mundo, uma anta é uma espécie de dólmen, do latim antæ. Foram as ocorrências desses dólmens que motivaram as nomeações de tantos lugares em Portugal e na Galiza com essa palavra. No entanto, a homofonia com anta, do árabe لمطة (lamṭa), o nome de uma pele que chegava à península Ibérica através do norte da África e os portugueses usaram para designar o animal do Novo Mundo também conhecido como tapir, causou uma confusão que o acabou convertendo no timbre dos Dantas, o qual Antônio Godinho desconhecia, como fica claro pelos chifres. Ou supunha que a tal pele vinha de algum antílope.

Nenhum comentário:

Postar um comentário