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09/05/21

A NOBREZA DE PORTUGAL (II)

Armas dos duques de Bragança e Coimbra, do marquês de Vila Real e dos condes de Penela, Odemira, Valença, Marialva, Monsanto e Atouguia.

A partir desta postagem, darei as armas contidas no Livro do Armeiro-Mor de cinco em cinco fólios, ou seja, dez armas por postagem até o fólio 116.

Cabe observar que, embora no prólogo se tenha dito que o livro assentaria e poria "tôdalas armas dos nobres destes Reinos e Senhorios, cada ũas em seu lugar própio e ordem, como fôrom dadas antigamente a cada um", a verdade é que a sequência obedeceu a critérios mistos, de parentesco com o rei, poderio e antiguidade das linhagens.

Enfim, uma cantilena que vou repetir até a derradeira postagem desta série: os brasões a seguir não são de "famílias". Por exemplo, as armas dos Almeidas não são da "família Almeida". Pertencem, na verdade, a uma linhagem, neste caso à geração de Fernando Álvares de Almeida, alcaide-mor de Abrantes (1400), avô de Dom Lopo de Almeida, primeiro conde de Abrantes (1476). É por isso que o armorial nomeia a linhagem e especifica: "chefe". Esse chefe é o varão mais velho: só ele faz jus ao uso das armas direitas, cabendo aos cadetes diferençá-las. Assim, quando a varonia da casa de Abrantes se quebrou em 1633, as armas direitas dos Almeidas passaram ao primeiro conde de Avintes (1664), descendente de Dom Diogo de Almeida, prior do Crato e segundo filho de Dom Lopo de Almeida. Essas armas pertencem, portanto, ao pretendente à chefia da casa de Avintes. Contudo, é forçoso reconhecer que durante a maior parte da sua vigência só na aparência o sistema heráldico português funcionou com base em provas genealógicas, pois na realidade prevalecia a condescendência com a homofonia dos sobrenomes. Para detalhamentos, leiam-se as postagens sobre a heráldica gentilícia luso-brasileira.

Do Livro do Armeiro-Mor (1509):

Fólio 45r: Duque de Bragança.
Fólio 45r: Duque de Bragança.

Duque de Bragança: As armas do Reino, diferençadas por um lambel de prata de três pendentes, com três escudetes quadrados, carregados com as armas de Aragão-Sicília, brocantes sobre os pendentes. São as segundas armas do duque de Bragança, assumidas por Dom Jaime em 1498, quando foi jurado príncipe herdeiro. Em 1509, o titular era o mesmo Dom Jaime.

Fólio 45v: Duque de Coimbra.
Fólio 45v: Duque de Coimbra.

Duque de Coimbra: As armas do Reino, diferençadas por um filete de negro em barra, brocante sobre tudoEm 1509, o titular era Jorge de Lancastre, filho bastardo de Dom João II.

Fólio 46r: Marquês de Vila Real.
Fólio 46r: Marquês de Vila Real.

Marquês de Vila Real: Esquartelado, no primeiro e quarto, as armas do Reino; o segundo e terceiro de vermelho com um castelo de ouro; mantelado de prata com dois leões batalhantes de púrpura; bordadura composta de ouro e veiros (Noronha); sobre o todo, partido de dois traços e cortado de um: o primeiro de azul com um estoque de prata, empunhado de ouro; o segundo, quarto e sexto de ouro com quatro palas de vermelho (Lima); o terceiro e quinto de ouro com dois lobos passantes de púrpura, um sobre o outro (Vila Lobos); sobre o todo do todo, de ouro liso (Meneses). Dos brasões portugueses mais antigos, talvez seja este o mais complexo, pois se compõe das armas de quatro linhagens mais um acrescentamento honroso. As que ficam sobre o todo do todo são as mais antigas: dos Meneses. Presumivelmente, João Afonso Telo de Meneses (c. 1330-1384), primeiro conde de Viana do Alentejo, sobrepôs as armas paternas às de duas linhagens femininas, Vila Lobos e Lima, respectivamente da avó materna e da bisavó paterna, esta pela linha varonil. Depois, Pedro de Meneses, primeiro conde de Vila Real, por ser o capitão e governador da recém-conquistada cidade de Ceuta, trocou o primeiro quartel por um campo de azul com um estoque de prata, empunhado de ouro. Contudo, não teve herdeiro varão; instituiu, então, um morgadio para perpetuar o seu sobrenome e as suas armas na geração de sua filha, Brites (ou Beatriz) de Meneses, que casou com Fernando de Noronha. Daí que os condes pósteros, marqueses desde 1489, se tenham chamado de Meneses e sobreposto as armas de Dom Pedro às dos Noronhas. Estas consistiam num esquartelado: no primeiro e quarto, as armas do Reino; no segundo e terceiro as armas reais de Castela e Leão diferençadas por um mantelado, com uma bordadura composta de ouro e veiros. Tanto o pai como a mãe de Dom Fernando eram de ascendência régia: Afonso de Castela, conde de Gijón e Noreña, filho natural de Henrique II de Castela, e Isabel de Portugal, filha natural de Dom Fernando I. Em 1509, o titular era Pedro de Meneses.

Fólio 46v: Casa de Bragança.
Fólio 46v: Casa de Bragança.

Casa de Bragança: De prata com uma aspa de vermelho, carregada de cinco escudetes das armas do Reino. São as primeiras armas do duque de Bragança. O primeiro duque, Dom Afonso, era filho natural do rei Dom João I.

Fólio 47r: Conde de Penela.
Fólio 47r: Conde de Penela.

Conde de Penela: Esquartelado, no primeiro e quarto as armas do Reino; o segundo de negro com três faixas veiradas de prata e vermelho (Vasconcelos); o terceiro partido de dois traços e cortado de um: o primeiro, terceiro e quinto de ouro com dois lobos passantes de púrpura, um sobre o outro; o segundo, quarto e sexto de ouro com quatro palas de vermelho; sobre o todo, de ouro liso (Meneses do conde de Valença). Afonso de Vasconcelos e Meneses, o primeiro conde, era bisneto do infante Dom João, filho de Dom Pedro I. Em 1509, o titular era João de Vasconcelos e Meneses.

Fólio 47v: Noronha, chefe.
Fólio 47v: Noronha, chefe.

Noronha, chefe: Esquartelado, no primeiro e quarto, as armas do Reino; o segundo e terceiro de vermelho com um castelo de ouro; mantelado de prata com dois leões batalhantes de púrpura; bordadura composta de ouro e veiros. Sobre estas armas, leia-se o comentário àquelas do marquês de Vila Real. Em 1509, o titular era Sancho de Noronha.

Fólio 48r: Conde de Valença.
Fólio 48r: Conde de Valença.

Conde de Valença: Partido de dois traços e cortado de um: o primeiro, terceiro e quinto de ouro com dois lobos passantes de púrpura, um sobre o outro (Vila Lobos); o segundo, quarto e sexto de ouro com quatro palas de vermelho (Lima); sobre o todo, de ouro liso (Meneses)Sobre estas armas, leia-se o comentário àquelas do marquês de Vila Real. Em 1509, o titular era Pedro de Meneses.

Fólio 48v: Conde de Marialva.
Fólio 48v: Conde de Marialva.

Conde de Marialva: De ouro com cinco estrelas de sete raios de vermelho. São as armas dos Coutinhos. Em 1509, a titular era Guiomar Coutinho.

Fólio 49r: Castro, conde de Monsanto.
Fólio 49r: Castro, conde de Monsanto.

Castro, conde de Monsanto: De prata com seis arruelas de azulEm 1509, o titular era Pedro de Castro.

Fólio 49v: Casa de Ataíde.
Fólio 49v: Casa d'Ataíde.

Casa de Ataíde: De azul com quatro bandas de prata. O chefe dessa casa tinha o título de conde de Atouguia, mas em 1509 Afonso de Ataíde não o possuía.

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